Donos da Bertrand selaram acordo para aquisição da editora Pergaminho

A O último passo para a concentração do mercado editorial português já foi dado, e, desta vez, foi de gigante. Depois da estreia do Grupo Leya, de Miguel Paes do Amaral, e das investidas da Explorer Investments, é a vez do maior grupo editorial da Europa, a alemã Bertelsmann, acrescentar a editora Pergaminho ao império livreiro que já detém em Portugal, formado por Bertrand, Círculo de Leitores, Quetzal e Temas & Debates.Em declarações ao PÚBLICO, José Sottomayor Matoso, membro da administração da Bertelsmann, revelou que o grupo está a ultimar a aquisição de uma editora nacional e que o facto iria ser tornado público dentro em breve, preferindo não referir o nome em causa. Contactado pelo PÚBLICO, o editor da Pergaminho, Mário Moura, confirmou, contudo, que já foi selado o acordo entre a sua editora e a Bertelsmann e que"o negócio estará definitivamente fechado no início de Abril", envolvendo "alguns milhões de euros".
Falando sobre o reforço da posição do grupo alemão no mercado editorial nacional, Mário Moura considera ainda que "é possível que a Bertelsmann avance com uma proposta sobre a Gradiva". Uma hipótese que ganha contornos mais nítidos depois de a Gradiva ter decidido suspender a sua venda à sociedade de capital de risco Explorer Investments.
A Gradiva e a Pergaminho - que têm nos respectivos catálogos dois campeões de venda de livros, Paulo Coelho e José Rodrigues dos Santos - tornaram-se duas das editoras mais disputadas pelos grandes grupos nacionais do sector. Mário Moura garante que "a Pergaminho recebeu várias propostas: do Grupo Leya, da Porto Editora, da Planeta [anterior proprietária da Dom Quixote, vendida a Paes do Amaral] e da Explorer".
Contudo, segundo o editor da Pergaminho, a proposta mais interessante foi a de união com a Bertrand, "uma editora consolidada, que tem por trás um grande grupo com mais de cem editoras internacionais". Em contrapartida, a Pergaminho, que factura seis milhões de euros por ano, oferece à Bertelsmann vários "trunfos", como o facto de possuir uma distribuidora própria e dominar mercados de venda diversificados como o das bombas de gasolina.
"Estamos a vender, não por causa do dinheiro, mas para enfrentar um mercado cada vez mais concentrado", explica Mário Moura. A mesma lógica parece aplicar-se ao comprador, a Bertelsmann, que assim se junta aos três outros grupos que protagonizam a crescente concentração do mercado editoral português: a Porto Editora (com uma quota de mercado de 60 por cento no livro escolar), o Grupo Leya (composto por Dom Quixote, ASA, Caminho, Texto, Gailivro e Nova Gaia) e a Explorer Investments (proprietária da Oficina do Livro e da Teorema). Em 2006, o mercado do livro em Portugal valia 530 milhões de euros e, segundo previsões da consultora DBK, deveria crescer dois a três por cento em 2007-2008.

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