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Óscares E os nomeados de 2008 são...

Irmãos Coen e Paul Thomas Anderson partem à cabeça na corrida dos Óscares, cujas surpresas estão mais nos filmes, realizadores e actores que não foram nomeados

a Sem surpresas: Este País Não É para Velhos, dos irmãos Coen (Fargo), e Haverá Sangue, de Paul Thomas Anderson (Magnolia), lideram a corrida para os Óscares 2008. Ambos os filmes receberam oito citações, seguidos por Expiação, de Joe Wright, e Michael Clayton, Uma Questão de Consciência , de Tony Gilroy (sete nomeações cada), Ratatui de Brad Bird (cinco), e O Escafandro e a Borboleta de Julian Schnabel e Juno de Jason Reitman (quatro cada). É uma lista equilibrada que confirma globalmente as previsões feitas há poucas semanas pelos Globos de Ouro, embora com uma quota-parte de surpresas - mais visíveis nos filmes ausentes, como Sweeney Todd ou Jogos de Poder.
Dos presentes, a maior surpresa é a predominância de Michael Clayton nas categorias de maior prestígio. Embora os quatro mais nomeados concorram todos nas categorias de filme e realização, Michael Clayton, primeira realização do argumentista Tony Gilroy, é o único a ser nomeado em três categorias de representação: melhor actor para George Clooney, melhor actor secundário para Tom Wilkinson e melhor actriz secundária para Tilda Swinton.
Os restantes três têm uma única nomeação de representação. Duas eram esperadas: o espanhol Javier Bardem como actor secundário (Este País Não É para Velhos), Daniel Day-Lewis como melhor actor (Haverá Sangue). Mas a única nomeação "artística" de Expiação foi para a adolescente Saoirse Ronan como actriz secundária, com a Academia a ignorar surpreendentemente Keira Knightley e James McAvoy, que interpretam o "casal romântico" do filme, e dando-lhe essencialmente nomeações técnicas.
A surpresa estende-se à lista de nomeados nas categorias principais de representação, habitualmente nomeando interpretações específicas mais do que filmes. A corrida de melhor actor discute-se entre Day-Lewis (que vencera o Globo de Ouro e parte favorito), Clooney, Johnny Depp (também vencedor do Globo de Ouro por Sweeney Todd), Tommy Lee Jones (No Vale de Elah) e Viggo Mortensen (Promessas Perigosas).
Para melhor actriz, a favorita é Julie Christie (vencedora do Globo de Ouro por Longe Dela), competindo com a francesa Marion Cotillard (igualmente vencedora do Globo de Ouro por La Vie en Rose), Ellen Page (Juno), Laura Linney (The Savages), e Cate Blanchett (Elizabeth - A Idade de Ouro).
A australiana Blanchett está aliás nomeada duas vezes, pois está também na lista de melhor actriz secundária pela fantasia sobre Bob Dylan de Todd Haynes, I"m Not There, concorrendo contra Saoirse Ronan, Tilda Swinton, a veterana Ruby Dee (Gangster Americano) e Amy Ryan (Vista pela Última Vez...).
Na categoria de actor secundário, Javier Bardem parte favorito, mas é uma selecção forte que inclui ainda Tom Wilkinson, Philip Seymour Hoffman (Jogos de Poder), Casey Affleck (O Assassínio de Jesse James pelo Cobarde Robert Ford) e o veterano Hal Holbrook (O Lado Selvagem).
Como habitualmente, nem todos os citados para melhor filme foram nomeados para melhor realização. Este País Não É para Velhos, Haverá Sangue, Michael Clayton e Juno foram nomeados nas duas categorias; em vez de nomear Joe Wright por Expiação, a Academia preferiu Julian Schnabel, por O Escafandro e a Borboleta, que recebeu ainda citações para argumento adaptado, fotografia e montagem.
Para longa-metragem animada, os candidatos são a história de surf pinguim Dia de Surf, a animação autobiográfica da iraniana Marjane Satrapi Persépolis e o aclamado filme 2007 da Pixar, Ratatui. Este último recebeu ainda - caso raro para um filme de animação - quatro outras nomeações entre as quais argumento original.
Os cinco nomeados principais representam de algum modo aquilo que a Academia vê neste momento como a "reserva de prestígio" do cinema americano: os filmes mais recentes de dois cineastas aclamados provenientes da área independente (os irmãos Coen e Paul Thomas Anderson), um veterano argumentista estreante (Tony Gilroy com Michael Clayton, filme que é também o "representante" da boa consciência liberal) e um filme-sensação proveniente da produção independente (Juno), completado pelo típico filme de prestígio inglês (Expiação).
O Iraque entre os ausentes
No entanto, as surpresas maiores estão nas ausências, com dois filmes particularmente notórios. Um é o musical de Tim Burton Sweeney Todd, que recebeu apenas uma nomeação de peso (para Johnny Depp) e duas técnicas (cenografia e figurinos). O outro é a comédia política de Mike Nichols Jogos de Poder, que apenas foi citado para actor secundário (Philip Seymour Hoffman). E toda a série de filmes que questionam a intervenção no Iraque - Peões em Jogo, Detenção Secreta, Censurado - foram sumariamente ignorados. A excepção é No Vale de Elah, único a merecer uma menção - aliás justíssima, para melhor actor (Tommy Lee Jones).
Os nomeados para as 24 categorias dos prémios foram anunciados em Los Angeles na madrugada (princípio da tarde em Portugal) de terça-feira pela actriz Kathy Bates e pelo presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, Sid Ganis. A cerimónia de entrega está marcada para o próximo dia 24 de Fevereiro.

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