Moçambique comemora "segunda independência" hoje em Cahora Bassa

Para a cerimónia da reversão da barragem de Portugal para Moçambique, o Presidente moçambicano convidou vários líderes africanos, entre os quais Mugabe, do Zimbabwe

a Numa cerimónia à porta fechada em Maputo, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, recebeu ontem em nome de Portugal o último pagamento de Moçambique para a entrega da Hidro-Eléctrica de Cahora Bassa, construída pelas autoridades portuguesas antes da independência em 1975. A barragem, que com a de Assouan no Egipto é uma das maiores em África, passa hoje formalmente a ser património de Moçambique. O país detinha apenas 18 por cento da barragem. A partir de agora fica com os 85 por cento, mantendo Portugal 15 por cento. A transferência foi possível depois de Moçambique contrair um empréstimo na banca e ter pago ontem os últimos 470 milhões de euros de um total de 640 milhões.
Para a ocasião, vivida em Moçambique como uma "segunda independência", o Presidente Armando Guebuza quis juntar chefes de Estado africanos, alguns protagonistas das lutas de libertação, como Robert Mugabe, o contestado Presidente do Zimbabwe, numa grande cerimónia hoje no Songo, província de Tete, onde está a barragem. Também está prevista a presença de Levy Mwanawassa, da Zâmbia, Festus Mogae, do Botswana, e, da África do Sul, irá a vice-presidente Phumzile Mlambo-Ngcuka.
A cerimónia de hoje segue-se aos festejos que, em Outubro de 2006, acompanharam a assinatura em Maputo do acordo entre o Presidente Guebuza e o primeiro-ministro português José Sócrates - ao fim de 30 anos de negociações.
Nessa ocasião, Guebuza declarara: "Este acordo fecha o último capítulo da história do domínio estrangeiro e abre o primeiro capítulo do futuro."
Ontem, em declarações à Lusa, o ex-Presidente Jorge Sampaio referiu-se à transferência de Cahora Bassa como um "grande momento que Portugal tornou possível" e como algo que permite abrir uma nova era nas relações entre os dois países.
Desta vez, Sócrates fez-se representar por Teixeira dos Santos. A cerimónia quase coincide com a cimeira UE-China, amanhã em Pequim, explicou o gabinete do primeiro-ministro.
Recentemente, Guebuza congratulou-se com o que considera serem os aspectos promissores desta transferência. "Vamos poder enfim utilizar a barragem para satisfazer as necessidades energéticas do nosso país, ligando-a à rede energética da maioria das cidades e aldeias de Moçambique", disse, citado pela Reuters. Guebuza acrescentou que a expectativa será "reforçar os benefícios da venda da electricidade (...) exportando para o Malawi e a Zâmbia", que se juntam aos tradicionais compradores da energia de Cahora Bassa, Zimbabwe e África do Sul.

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