Câmara de Guimarães admite que renovação do Largo do Toural é "complexa e polémica"

Projecto urbanístico para o centro da cidade é, dos cinco recentemente apresentados, o mais comentado e aquele que mais preocupações levanta entre os munícipes

A Quarenta sugestões, reclamações e pedidos de informação. Ao fim de uma semana, é este o saldo do debate público lançado pela Câmara Municipal de Guimarães em torno dos cinco projectos urbanísticos apresentados há uma semana. O número é avançado pelo presidente da câmara, António Magalhães, que adianta ainda que a intervenção projectada para o Largo do Toural é a mais citada entre os munícipes. Segundo o autarca, "o tom geral dos comentários é de satisfação", mas há algumas preocupações e críticas apontadas ao projecto. Magalhães considera, no entanto, que a reacção dos munícipes é "compreensível", lembrando a importância histórica e geográfica do Toural e reconhecendo que a solução proposta é "complexa e polémica". "Estamos a receber comentários e sugestões, algumas antagónicas entre si. Vai ser difícil conciliar todos os interesses divergentes, a obra é complexa e para ser levada a cabo vai gerar alguma turbulência", admite o autarca.
A proposta camarária prevê a transformação do largo numa área pedonal, com o tráfego a ser desviado para um túnel a construir por baixo do Toural. Ainda no subsolo, seria edificado um parque automóvel, enquanto à superfície seriam eliminadas as árvores. Novos revestimentos em toda a praça e um novo tanque para a fonte completam a proposta camarária.
Para o autarca do PS, o interesse pela solução para o Toural é reflexo da importância que aquele espaço tem para a cidade. "Há 60 anos que não se renova o Toural, as pessoas estão habituadas", frisa António Magalhães, que sublinha a importância da participação dos cidadãos neste debate, que está a decorrer através da página da autarquia na Internet, onde foi criado um espaço para os munícipes consultarem os projectos e deixarem o seu comentário. Um método que mereceu diversos reparos por parte dos vereadores do PSD que, ontem, na última reunião camarária, defenderam que a oposição deveria ter sido consultada e informada dos projectos antes da sua apresentação pública.
Mas António Magalhães considera a posição social-democrata "redutora", argumentando que estão em causa projectos "de grande sensibilidade". "Vamos continuar a ouvir os cidadãos e tentar encontrar um ponto intermédio que nos permita levar à prática a solução que melhor agrade às pessoas", garante o autarca.
Nas ruas da cidade é fácil encontrar exemplos das observações que o projecto do Toural tem vindo a merecer. Há quem diga que "querem fazer ao Toural o que fizeram à Avenida dos Aliados", no Porto, criticando o que consideram "uma solução à Siza Vieira". Um argumento que invoca a polémica substituição da calçada portuguesa por granito cinzento. Alguns comentários recebidos pedem, por seu lado, que se mantenham os jardins e as árvores no largo.

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