Empresário Licínio Soares Bastos transferido para prisão de segurança máxima no Brasil

Pedidos de habeas corpus dos portugueses detidos na operação Furacão foram recusados

a Os 24 detidos pela operação Furacão, entre os quais estão os dois empresários portugueses Licínio Soares Bastos e Laurentino Freire dos Santos, devem ser a partir de hoje transferidos para a cadeia de segurança máxima de Campo Grande, no estado do Mato Grosso do Sul. A segunda fase dos interrogatórios, na 6.ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, termina hoje. E as petições de habeas corpus para que Bastos e Santos aguardassem em liberdade o julgamento, interpostas pelo advogado Rogério Marcolino de Souza, foram recusadas pelas três instâncias judiciais do Brasil.O grupo, conhecido como "máfia dos bingos", integrava, além dos dois portugueses, outros empresários, advogados, delegados e magistrados, que são acusados dos crimes de tráfico de influência, corrupção passiva e activa, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro através do jogo ilegal conhecido por "jogo do bicho".
Licínio Soares Bastos é o dono da sede do PS do Rio de Janeiro e foi o principal financiador do candidato socialista ao círculo Fora da Europa nas legislativas de 2005, Aníbal Araújo. Dois meses depois das eleições, foi nomeado pelo actual secretário de Estado das Comunidades, António Braga, cônsul honorário de Portugal em Cabo Frio, a cerca de 150 quilómetros do Rio de Janeiro. A nomeação foi travada, mas não anulada no Diário da República, assim que o Governo português soube que Licínio Bastos estava a ser investigado pela Polícia Federal.
Numa das escutas telefónicas registadas por esta polícia, o nome do secretário de Estado e de Aníbal Araújo eram referenciados como estando a mover influências para convencer "um presidente de câmara do PS" a desembargar uma obra. As ligações da "máfia dos bingos" a Portugal e a elementos do PS, alegadamente para expandir o negócio de bingos e casinos para Portugal e Macau, já foram expostas à Interpol, algumas contas bancárias com sede na Madeira já foram bloqueadas a pedido das autoridades brasileiras. Agora, a Polícia Federal quer enviar alguns agentes para Lisboa, no intuito de investigar as movimentações financeiras dos dois portugueses detidos no âmbito da operação Furacão e deverá fazer um levantamento dos bens dos acusados.
No depoimento prestado à juíza encarregada do processo, Licínio Bastos contou que teve ligações a casas de bingo até 2002, quando era procurador de uma firma americana que investia no Bingo Icaraí, em Niterói (Rio de Janeiro). No entanto, garantiu, quando o bingo foi fechado, no final de 2002, afastou-se do ramo. Licínio reconheceu ser sócio do outro português, Laurentino Freire dos Santos, em dois motéis, além de possuir empresas de transportes e clínicas médicas. "Assim que pairaram dúvidas quanto à legalidade do negócio dos bingos, eles saíram de actividade", expôs, há cerca de uma semana, o advogado dos portugueses, Rogério Marcolino de Souza. O jurista quer demonstrar que os dois empresários "não têm ligações ao jogo ilegal" e diz-se "muito preocupado" com a "pressa" com que está a ser conduzido este processo.
Um responsável da Entidade das Contas e Financimentos Políticos, que funciona junto do Tribunal Constitucional, disse que o PS não podia ignorar as despesas de campanha nos círculos da emigração, ao contrário do que têm defendido dirigentes socialistas.
A segunda fase dos interrogatórios, na 6.ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, termina
hoje

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