A Revista à Portuguesa

Raul Solnado, João Villaret, Ivone Silva, António Mourão e Herman José juntam-se num espectáculo único, recheado de grandes êxitos. Reserve já o seu bilhete para a Revista, no CD hoje oferecido com o PÚBLICO

a Imagine que podia reunir numa revista nomes como José Viana, Raul Solnado, João Villaret, Ivone Silva e Herman José. Em Uma Noite... na Revista, o CD que hoje é oferecido com o PÚBLICO, pode assistir a este espectáculo com um elenco de luxo. É claro que estes cantores/actores nunca partilharam todos o mesmo palco, mas as inovações tecnológicas permitem contornar esse "pormenor" e montar um show feito não só de grandes êxitos da revista como de textos e canções saídos directamente de um plateau de televisão. "Este disco é uma ficção", afirma David Ferreira, o responsável pela selecção de temas de 50 Anos de Música - O Melhor da Música Portuguesa. "Uns trechos foram gravados ao vivo e outros em estúdio, acrescentámos aplausos, para uniformizar o som e reproduzir o ambiente duma noite no Parque Mayer", explica o director geral da EMI e acrescenta ainda "a fantasia não ficou por aqui...".
A fantasia está na capacidade de cada ouvinte se transportar até aos anos 60. No auge da revista à portuguesa, o Parque Mayer, em Lisboa, enche-se para receber as grandes estrelas da comédia e da canção. Raul Solnado é uma delas. A ele cabem as honras de abertura do espectáculo com o monólogo A Guerra de 1908, um dos maiores sucessos de revista do início da década de 60.
A Raul Solnado segue-se Hermínia Silva. O fado e a revista sempre andaram de mãos dadas e era frequente que os mais reconhecidos fadistas fossem convidados a integrar os espectáculos. "Desde cedo o Fado e a Revista se cruzam, aquele fornecendo a esta muitas das suas vedetas mais populares e esta gabando a glória do Fado, num exercício de gozos e narcisismo a dois", conta David Ferreira. Em Uma Noite... na Revista, Hermínia Silva canta Marinheiro Americano, um clássico da fadista que ironiza sobre o "fado para turistas" e cuja criação original remonta aos anos 30.
Ainda no fado, António Mourão canta Ó Tempo Volta p"ra Trás e Mariema interpreta O Fado Mora em Lisboa, dois enormes sucessos não só junto dos espectadores que, em 1965, encheram o Teatro Maria Vitória para ir à revista, mas também do público em geral. Aliás, à data era comum que as canções se estreassem em palco e só depois fossem gravadas. Assim, só os maiores êxitos eram registados.
Zé Cacilheiro, tema que ajudou a lotar o Variedades em 1966, pode ser também recordado em Uma Noite... na Revista, tanto na versão cantada como na dialogada entre José Viana e Carlos Coelho.
Em dueto chegam também Ivone Silva e Camilo de Oliveira com a canção Os Agostinhos. "Note-se que neste trecho não estamos mais no Teatro, estamos na TV, o mesmo se passando com Senhor Feliz e Senhor Contente de Herman José e Nicolau Breyner", alerta David Ferreira. Tal como Bailinho da Madeira que, ao contrário do que sucedeu com outros dos seus temas, Max não escreveu especificamente para ser estreado numa revista, são canções que reproduzem espírito deste tipo de espectáculo.
Criadas para a revista, foram A Severa, interpretada por Ivone Silva, Natalina José, Vitor Rosado e Mariano, e Procissão, de João Villaret. Ambas podem ser ouvidas no CD hoje distribuído com o PÚBLICO.

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