Lançada enciclopédia interactiva na Web reunindo todas as formas de vida da Terra

Criar páginas na Internet para os 1800 milhões de espécies de seres vivos do planeta, disponíveis para todos, é o objectivo desta biblioteca universal

a De aranhas a zebras, passando por laranjas, cogumelos, palmeiras e bactérias, a Enciclopédia da Vida quer criar na Internet páginas para os 1800 milhões de espécies de seres vivos da Terra. Cientistas, estudantes, cidadãos curiosos, todos poderão usar esta grande biblioteca universal da vida, que aceitará contribuições de todos os pontos do mundo, ao jeito da Wikipédia.A ideia foi lançada por Edward O. Wilson, especialista em biodiversidade e um dos mais respeitados cientistas do mundo. "Dado que o nosso conhecimento da biodiversidade é tão incompleto que estamos prestes a perder grande parte dela antes de a descobrirmos, gostava que conseguíssemos trabalhar em conjunto para desenvolver uma ferramenta que inspire o desejo de preservar a diversidade: a Enciclopédia da Vida."
Um grupo de instituições científicas internacionais juntou-se para tornar realidade o sonho de Wilson. "Há mais de 250 anos que os cientistas catalogam as formas de vida, e os catálogos tradicionais tornaram-se difíceis de usar", comentou Ralph Gomory, presidente da Fundação Alfred Sloan, umas das instituições de mecenato que estão a financiar o projecto, citado num comunicado.
Os cientistas começaram a criar páginas Web das espécies que estudam logo na década de 90, quando se deu a explosão da Internet. Mas só agora começa a estar disponível a tecnologia para criar uma verdadeira enciclopédia universal, que receba colaborações de todos, e junte os mais variados recursos, como imagens, mapas, bibliografia científica e textos de divulgação para estudantes de todas as idades, em várias línguas. O primeiro milhão de páginas de artigos científicos foi já digitalizado.
"A Enciclopédia da Vida fornecerá uma valiosa informação sobre a biodiversidade do planeta e a sua conservação, para toda a gente, em qualquer parte do globo, a qualquer altura", explicou James Edwards, o director do projecto. "Há cinco anos, não seria possível. Hoje, os avanços da tecnologia de pesquisa, anotação e visualização da informação já permitem criar uma verdadeira enciclopédia dos seres vivos."
Em causa estão as tecnologias que permitiram desenvolver a Web social, em que todos podem colocar conteúdos e partilhá-los, ou os mash-ups, que permitem juntar informação distinta (por exemplo, visualizar com os mapas do Google todos os sítios do mundo em que há morcegos).
Por ora, o site http://www.eol.org ainda só tem páginas de demonstração. Mas, nos próximos dez anos, será a base de acolhimento de páginas sobre todos os seres vivos, nas quais poderão participar especialistas de qualquer parte do mundo. Como acontece na enciclopédia on-line Wikipédia, mas com um controlo de qualidade dos conteúdos apertado, dizem os promotores do projecto.
"O meu sonho é, que dentro de poucos anos, sempre que surgir uma referência a uma espécie na Internet, exista um link para a sua página na Enciclopédia da Vida", disse Edward O. Wilson. E, como se vê, está a conseguir realizar os seus sonhos.

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