Bruxelas autoriza subsídio de 100 milhões de euros à Portucel

Comissão Europeia deverá dar hoje luz verde ao apoio do Estado, através da API, à construção da nova fábrica da Portucel. Créditos fiscais ainda estão em análise

a A Comissão Europeia (CE) deverá dar hoje luz verde ao apoio do Estado português à construção da nova máquina da Portucel, um investimento estimado em 490 milhões de euros e que terá o subsídio estatal de 100 milhões de euros. Há largos meses que a Portucel aguarda o "sim" de Bruxelas, para arrancar com o investimento global de 900 milhões de euros, a aplicar na construção da nova fábrica/máquina, em Setúbal, e na modernização de infra-estruturas do grupo, nomeadamente na fábrica da Figueira da Foz.
Para já, segundo o PÚBLICO apurou junto de fonte da Agência Portuguesa para o Investimento (API), a CE deverá apenas aprovar o subsídio de 100 milhões de euros para a nova máquina, mantendo-se em análise o apoio em créditos fiscais no montante de 75 milhões de euros. O pacote total de incentivos do Estado português à Portucel ascende a 175 milhões de euros e faz parte de um conjunto de contratos assinados entre a empresa e a API, em Julho de 2006.
A agência só avançará com o apoio de 100 milhões de euros assim que o projecto de construção da máquina arrancar, em data que a Portucel ainda não divulgou. A construção da fábrica deveria estar concluída, segundo o plano inicial, até 2009.
A Agência Portuguesa para o Investimento, liderada por Basílio Horta, irá libertando os apoios à medida que o projecto se for desenvolvendo, explicou fonte da instituição, acrescentando que, no final, será tudo auditado para que o Estado se certifique de que as regras foram cumpridas.
A informação de que o "sim" de Bruxelas poderia vir hoje foi dada ontem de manhã pela Reuters, uma notícia que fez disparar as acções da empresa de celulose: os títulos da Portucel estiveram, durante toda a sessão, em forte alta e acabaram por fechar com um ganho de 4,53 por cento, para 2,77 euros, com mais de 10,45 milhões de acções movimentadas, três vezes acima da média diária.
Quase 2000 empregos
Actualmente, a Portucel emprega 1951 trabalhadores e tem uma capitalização bolsista de 1,4 milhões de euros. A nova máquina acrescentará à produção anual da pasteira 500 mil toneladas, aumentando o valor das exportações da empresa em 40 por cento, para 1400 milhões de euros. Queirós Pereira, presidente da companhia, tem-se queixado do atraso de Bruxelas e, recentemente, acusou o que chamou os lobbies das congéneres escandinavas de estarem a travar a CE e a atrasar a construção da nova fábrica de Setúbal.
A Portucel é controlada pela cimenteira Semapa, que detém 67 por cento do capital. Queirós Pereira tem dito que é sua intenção reduzir a participação daquela companhia na Portucel para 51 por cento, mas não foi isso que fez na última fase de privatização da empresa. O empresário não considerou "o momento oportuno", apesar de o mercado da pasta estar então em alta.

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