Um ano à espera da resposta para a reabilitação do ramal da Alfândega

Aproveitamento da infra--estrutura com 120 anos permitiria ligar Campanhã à zona ribeirinha do Porto em menos de cinco minutos, por comboio ou eléctrico

a O Grupo de Acção para a Reabilitação do Ramal da Alfândega (GARRA) aguarda há um ano uma resposta da Refer à sua proposta para que os comboios voltem a circular entre a zona ribeirinha do Porto e a estação de Campanhã, uma viagem que ligaria a estação intermodal ao casco histórico da cidade em menos de cinco minutos.José Mayer, daquele movimento cívico, diz que se reuniu há um ano com um responsável da Refer que se mostrou mais inclinado para uma solução baseada em carros eléctricos, dando assim prolongamento à linha de Matosinhos à Alfandega.
"Ficaríamos com uma circular ferroviária entre o Castelo do Queijo e Campanhã", diz José Mayer, embora, nesse caso, tivesse de se decidir se tudo seria feito com os antigos eléctricos ou se a opção passaria antes pela aquisição de novo material circulante.
O GARRA, que na verdade é apenas um grupo de amigos que são defensores do modo ferroviário, tinha proposto um comboio suburbano que ligasse a Alfândega a Leixões, passando pelas Fontainhas (onde seria construída uma estação), Campanhã e Contumil, "criando um grande anel em volta do Porto". Esta solução, porém, é mais cara, pois obriga a um maior investimento, ao contrário do eléctrico.
"Uma outra possibilidade seria aproveitar o ramal para uma linha do metro, que no Porto tem sido a mãe de todas as obras", diz José Mayer, embora reconheça que seria difícil a sua inserção em Campanhã com as linhas A, B, C e E. "Nós não temos experiência técnica e não nos pronunciamos sobre qual a melhor alternativa.
Comboio, eléctrico ou metro tanto faz, desde que se aproveite uma infra-estrutura com 120 anos que está desperdiçada. Não faz sentido investir-se tanto em reabilitação urbana e deixar aquele corredor ferroviário ao abandono". O importante é que se ligue (em cinco minutos) o casco histórico da cidade à estação intermodal através de uma linha de 3,9 quilómetros, na qual existe um túnel de 1200 metros que, se fosse construído hoje, "custaria milhões".
Numa coisa José Mayer está tranquilo: a Refer garantiu que o canal da linha da Alfândega estaria salvaguardado, ou seja, não será destruído nem será permitida construção dentro daquele corredor.
Pelas suas contas, a recuperação desta linha, num investimento minimalista destinado a pôr de novo os carris para o comboio passar, poderia custar entre um e dois milhões de euros. Mas uma electrificação e os necessários arranjos urbanísticos fariam, obviamente, disparar o custo desse projecto.
O ramal foi construído em 1887 e fechou em 1989, tendo sido sempre utilizado para transporte de mercadorias. Percorre a escarpa da margem direita do Douro, numa quota abaixo da linha S. Bento-Campanhã, entrando em túnel perto da Ponte do Infante e terminando no actual parque de estacionamento da Alfândega.


A Refer parece inclinada para uma solução baseada em eléctricos, o que permitiria ligar o Castelo do Queijo a Campanhã
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