Torne-se perito

O melhor da Música Portuguesa, volume 2

Celebrar a música nacional, os seus grandes intérpretes e as suas grandes canções é o objectivo da colecção que o PÚBLICO, em parceria com a EMI e a Valentim de Carvalho, edita durante dez semanas, com distribuição à sexta-feira, sábado e domingo. É uma jornada musical que se inicia nos anos 50 e termina na actualidade, percorrendo os géneros mais distintos. Hoje com o PÚBLICO, grátis, CD 1 + caixa

a Contar a história do boom do rock português nos anos 80 em dez canções é a proposta do CD Era uma vez... o Rock Português, editado hoje com o PÚBLICO. Contudo, não é uma tarefa fácil. Além das bandas e músicos que sobreviveram a esta década e actualmente continuam envolvidos em novos projectos, é preciso recuperar existências efémeras que, com uma canção, fizeram história.Após três décadas de evolução internacional, o rock "chegou" a Portugal. Estávamos em 1980 quando Rui Veloso entrou pela primeira vez nos estúdios da Valentim de Carvalho para gravar Chico Fininho, o primeiro marco do "roquenrole" português. E, de repente, as rádios foram invadidas por este e outros surpreendentes êxitos, como Portugal na CEE, a primeira canção escrita pelos GNR, ou Cavalos de Corrida, tema que os UHF apresentaram nos concertos de Verão desse ano, antes de lançarem o respectivo single.
Assim se abriram as portas para que, no ano seguinte, os efémeros Táxi, Trabalhadores do Comércio e Grupo de Baile deixassem a sua assinatura na música portuguesa. Com o refrão "A gente vê-a como uma chiclete/ Que se prova, mastiga e deita fora/ Sem demora", os portuenses Táxi conquistaram os portugueses e o seu álbum de estreia, o homónimo Táxi, atingiu rapidamente mais de 35 mil unidades vendidas, tratando--se de um feito histórico para um álbum pop/rock made in Portugal.
Por sua vez, os Trabalhadores do Comércio anteciparam a edição do seu primeiro álbum, Trip"s à Moda do Porto, com o single Chamem a Polícia, espécie de hino do rock português com q.b. humor e paródia ao sotaque portuense. Quanto ao Grupo de Baile, antes de desaparecerem do panorama musical em 1982, gravaram o êxito censurado Patchouly, cuja letra original incluía a palavra "pentelho" (numa segunda edição, foi substituída por um "piii").
1982 foi também o ano dos passageiros Roquivários e do tema mais popular da sua breve existência, Cristina (Beleza é Fundamental). Single do segundo álbum da banda, a canção que fica na memória pelo refrão "Cristina/ Não vais levar a mal/ Mas beleza é fundamental", é interpretada pela cantora Midus que, após a separação dos Roquivários nesse mesmo ano, teve uma curta carreira a solo. Entretanto, as rádios começaram ainda a tocar freneticamente Estou Além, lado B do primeiro single de António Variações. Durante a promoção do disco, o irreverente músico afirmou que "se tivesse nascido em Nova Iorque seria um rocker, mas como nasci no Minho prefiro ser um folclorista que também ensaia o rock."
Nos anos que se seguiram, outros grupos que nasceram em finais dos anos 70, início da década de 80, alcançaram o seu próprio lugar no rock português. É o caso dos Rádio Macau que, após as primeiras experiências ao vivo, foram para o estúdio em 1984 gravar o seu álbum de estreia. No homónimo Rádio Macau, encontra-se Bom Dia Lisboa, um dos temas mais bem sucedidos do disco e que antes já fazia parte da primeira maqueta gravada pelo grupo, lado a lado com A Noite.
Por fim, outra banda incontornável do rock português dos anos 80 é os Xutos & Pontapés. Em 84, o grupo de Tim, Zé Pedro, Kalu, João Cabeleira e Gui comemorava cinco anos de carreira e trazia na bagagem o modesto êxito de Sémen (single lançado em 1981) e do álbum de estreia 1978-1982. Nesse ano, decidiram regressar às gravações para editar o single Remar, Remar, hoje um clássico no repertório da banda. O disco antecedeu o álbum Cerco, de 1985, que foi aclamado pela crítica, mas novamente não obteve grande sucesso comercial.

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