Bairro da Estrada Militar do Alto da Damaia começa a ser demolido

a A Câmara da Amadora iniciou ontem os trabalhos de demolição do bairro da Estrada Militar do Alto da Damaia. A Associação Solidariedade Imigrante acusa a autarquia de "fazer ouvidos moucos" em relação às recomendações do Governo. Foram deitadas abaixo cinco moradias. Segundo Rita Silva, da Associação Solidariedade Imigrante, "a Câmara da Amadora diz que não são demolidas casas de pessoas sem alternativas, mas isso não está a acontecer". É o caso de José António, 40 anos, que poderá ver hoje a sua casa ser demolida pelas máquinas da autarquia. O morador, que não trabalha há cerca de cinco meses por ter um problema nos pulmões, afirma que não tem para onde ir.
Rita Silva acusa ainda a Câmara da Amadora de "fazer ouvidos moucos" em relação às recomendações do Governo que, afirma, deu "orientações às autarquias para interromperem as demolições" até estar concluído o processo de alterações ao programa de financiamento para acesso à habitação Prohabita. A activista critica ainda a ausência de técnicos da Segurança Social durante o processo de demolição do bairro.
Contudo, a Câmara Municipal da Amadora diz que "são demolidas as casas que estão vazias ou aquelas onde as pessoas não estão inscritas no Plano Especial de Realojamento (PER)."
Os moradores do bairro do Alto da Damaia, com mais de 20 anos, foram avisados na semana passada de que teriam de deixar as suas habitações. Ontem foram deitadas abaixo cinco moradias que estavam vazias ou cujos residentes tiveram alternativa de habitação.
"À semelhança do que aconteceu em todos os concelhos que assinaram o acordo de adesão ao PER, também na área da autarquia amadorense, após estar resolvida a situação dos recenseados naquele plano especial de realojamento, quer seja por via da exclusão, da adesão a programas habitacionais ou do realojamento, é realizada a demolição das respectivas construções, em conformidade com a lei", disse ontem em comunicado a autarquia da Amadora.
O concelho da Amadora, onde existem 35 bairros degradados, aderiu ao Plano Especial de Realojamento em 1995 e deste então "estão resolvidas 4567 situações [agregados familiares] e por resolver 2050", lê-se no comunicado camarário.
"Na decorrência do diploma regulador do PER foram realizadas 2523 demolições, que têm continuado diariamente, em diferentes bairros, e que irão continuar até à extinção total dos bairros degradados", conclui a Câmara da Amadora.
Ontem foram demolidas
pela câmara cinco habitações e há moradores que dizem
não ter para onde ir

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