Houve um rumor que durante muito tempo funcionou como espécie de anedota sobre o Método, escola de representação de Lee Strasberg, que morreu há exactamente 25 anos. Dois actores encontram-se na manhã de rodagem do filme O Homem da Maratona (1976): Dustin Hoffman tinha passado a noite em claro para interpretar uma personagem que... tinha passado a noite em claro. Depois de ouvir a explicação, Laurence Olivier, outro actor gigante, diz: "Porque não experimentas representar? É muito mais fácil." Ou seja, a caricatura servia para dizer que para um actor do Método não bastava representar o cansaço, era preciso estar cansado. Strasberg, mestre e pai do Método, director do Actor"s Studio de Nova Iorque, criou um estilo americano de representação próprio que se define pela ideia de encarnação da personagem e de uma abordagem psicológica para a sua construção (o actor deve recorrer às suas memórias num processo que não anda longe da psicanálise). Inspirou-se noutro mestre, o russo Stanislavski, director do Teatro de Arte de Moscovo que ele descobriu nos anos 20. Monroe e Dean, Brando e Newman, Nicholson e Pacino, Hoffman e De Niro: a lista é grande e podia continuar até hoje parando em Angelina Jolie, Uma Thurman ou Scarlett Johansson. São actores que Strasberg formou - directa ou indirectamente. A escola continua - os portugueses também andaram por lá e uma discípula de Strasberg, Marcia Haufrecht, tem orientado oficinas de Verão em Portugal.Joana Gorjão Henriques