Museu dos Biscainhos adquiriu documentos do arquivo do palácio

Material documenta a administração de propriedades de uma das mais poderosas famílias do Minho

O Museu dos Biscainhos, em Braga, acaba de adquirir importante documentação do antigo arquivo do Palácio dos Biscainhos, que foi até 1963 uma das residências da poderosa família dos condes de Bertiandos, anunciou ontem o seu director. Segundo José da Costa Reis, os documentos datam de entre a primeira metade do século XIX e 1920 e documentam a administração de uma parte das numerosas propriedades e pensões que a família detinha no distrito de Braga, nomeadamente no centro histórico da cidade.Foram então seus proprietários os segundos condes de Bertiandos e a filha destes, a segunda viscondessa de Paço de Nespereira, que foi casada com João Lobo Machado Cardoso do Amaral e Meneses, antigo governador civil de Braga. Para José da Costa Reis, "a aquisição dos documentos é um importantíssimo contributo para a investigação da história do edifício e da família que nele habitou durante vários séculos". "Estes são os únicos documentos particulares que a instituição reuniu desde que abriu as suas portas ao público em 1978", acrescentou.
Depois de cadastrada, a documentação vai receber tratamento de conservação preventiva e ser digitalizada. O responsável salientou que se desconhece "o destino do arquivo do palácio, que seria certamente volumoso e do qual não ficou qualquer registo ou menção aquando da venda da propriedade pelo terceiro visconde de Paço de Nespereira". Admitiu que, "provavelmente, se dispersou por ocasião da famosa questão judicial da "Herança Bertiandos", no segundo quartel do século XX".
O Museu dos Biscainhos, situado no antigo palácio em pleno centro de Braga, permite o conhecimento contextualizado de colecções de artes decorativas (mobiliário, ourivesaria, cerâmica, vidros, têxteis, etc.), instrumentos musicais, meios de transporte, gravura, escultura/talha, azulejaria. Do seu espólio constam ainda pinturas da época compreendida entre o século XVII e o primeiro quartel do século XIX.
O complexo patrimonial do museu é composto pelo imóvel e pelos jardins, tendo sido classificado de Interesse Público em 1949. Constitui-se actualmente como um representativo exemplar da arquitectura civil barroca, sendo a fundação do edifício atribuível à primeira metade do século XVII, com ampliações significativas no século XVIII. Propriedade de uma mesma família desde a origem, a casa foi vendida a uma entidade pública, em 1963, para instalação do museu que abriu ao público em 11 de Fevereiro de 1978. Lusa

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