Aldeamento turístico com 300 camas nasce a sul do rio Douro para dinamizar turismo na região

Investidores espanhóis e portugueses investem mais de seis milhões para recuperar antiga aldeia, junto a Freixo de Espada à Cinta

A escassos sete quilómetros da vila de Freixo de Espada à Cinta, em Saucelhe (província de Salamanca), uma antiga aldeia construída há mais de 50 anos pela Iberdrola (empresa espanhola de produção de electricidade) está em vias de se transformar num aldeamento turístico de elevada qualidade, cuja designação será "Aldea Duero". Quatro empresários espanhóis e um português investiram no projecto mais de seis milhões de euros, propondo-se recuperar uma a uma as habitações e infra-estruturas existentes no local, na margem sul do rio Douro. A obra arrancou há cerca de um ano e já estão completamente recuperadas 22 casas (tipo T1, T2 e T3), que poderão começar a receber os primeiros hóspedes em Março deste ano: "Nessa altura, contamos ter já um restaurante a funcionar", revelou Carlos Panta, o empresário português envolvido no projecto. Em recuperação, e com conclusão prevista para finais de 2007, estão mais 14 casas de nível superior, uma hospedaria com 21 quartos, um hotel de quatro estrelas, com 18 quartos (dez duplos e oito suites), garantindo o aldeamento, no total, 297 camas.
Na área da restauração, está em curso a recuperação de dois restaurantes e a construção de raiz de um outro, totalmente feito em madeira, com capacidade para 250 pessoas. "Com este equipamento queremos atrair o mercado turístico fluvial, que nos chega do Porto até Barca de Alva", referiu o empresário e director-geral do empreendimento.

Piscinas e duas escolas estão a ser recuperadasEsta viagem de barco pelo Douro faz-se ainda apenas com partida do Porto, mas os investidores pretendem "completar esse trajecto", oferecendo aos visitantes a possibilidade de efectuar o percurso no sentido descendente, com partida em Barca de Alva. "Queremos chamar turistas, fazê-los conhecer a região, queremos que pernoitem aqui, que comprem os nossos produtos e só depois disso encaminhá-los, via fluvial, para o Porto", explica Carlos Panta.
Para garantir o interesse dos turistas em permanecer no local, os empresários já pensaram na criação de serviços e estruturas de apoio. Por exemplo, as piscinas do aldeamento estão em recuperação, assim como as duas escolas desactivadas: uma está a ser transformada numa ludoteca, a outra num espaço para aulas ambientais, onde alguns monitores poderão ficar com as crianças, permitindo aos pais percorrer tranquilamente a região.
Num dos restaurantes vai ser construído um palco de espectáculos: "Vamos privilegiar a música tradicional, as bandas filarmónicas, as danças tradicionais, os pauliteiros", exemplificou Carlos Panta, esclarecendo que este tipo de oferta "é altamente atractiva", especialmente para os turistas do Norte da Europa e da América do Norte. Até a antiga igreja do velho aldeamento vai ser recuperada. "Do ponto de vista arquitectónico, o aldeamento não é muito emblemático, mas é surpreendente a qualidade dos materiais já utilizados na altura. Estamos a aproveitar o que podemos das estruturas", referiu, explicando que o granito das casas e as vigas de ferro são para manter.
Carlos Panta defende que este empreendimento "é dinâmico" e visa estimular a economia local, dos dois lados da fronteira. "Através do Ayuntamento de Saucelhe, do qual dependemos administrativamente, foi contratado um agente de desenvolvimento local, com o intuito de, junto dos empresários, tentar atrair novos investimentos", referiu. Esse agente pretende ainda estimular os desempregados a criarem o próprio posto de trabalho, oferecendo serviços, nomeadamente, postos de venda de produtos locais, artesanato, animação e outros.
O empreendimento, "numa primeira fase", vai criar 30 postos de trabalho directos, com mão-de-obra recrutada em Portugal e Espanha.

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