Polis prepara "revolução" na principal avenida de Setúbal

População tem dúvidas

Vão ser investidos
12,5 milhões de euros num projecto que promete dar nova vida à Baixa da cidade

A partir de Setembro de 2008, a circulação automóvel na principal artéria da cidade de Setúbal , a Avenida Luísa Todi, vai fazer-se apenas na faixa sul, servindo a faixa norte de plataforma de ligação entre a baixa comercial e a placa central da avenida. Esta é a alteração mais visível do projecto de requalificação previsto no programa Polis, que deverá arrancar em Março do próximo ano e prolongar-se por 21 meses. A necessidade de cumprimento dos prazos estabelecidos no contrato de concepção/construção, ontem assinado com o consórcio Mota Engil/HCI, foi, aliás, um dos aspectos realçados pelo presidente da Sociedade Setúbal Polis, António Fonseca Ferreira. Permitir a derrapagem da empreitada para além de Setembro de 2008 poderá significar a perda dos fundos comunitários desbloqueados para uma obra que já deveria ter arrancado "há vários meses".
Mas este não foi o único recado deixado pelo presidente da Setúbal Polis. A requalificação daquela via paralela ao Sado vai implicar a supressão de cerca de 500 lugares de estacionamento - os que se encontram na faixa norte, onde apenas veículos de emergência e de cargas e descargas serão autorizados a transitar - e cabe à Câmara de Setúbal, entende Fonseca Ferreira, encontrar as alternativas.
Uma das soluções que chegou a ser equacionada, reconheceu o presidente da sociedade, acabou por ser inviabilizada pela Comissão de Coordenação de Lisboa e Vale do Tejo, entidade que também dirige. O projecto Dolce Vita Setúbal, proposto pelo Grupo Amorim, que previa um equipamento comercial na Doca das Fontaínhas, com mais de mil lugares de estacionamento, mas que iria resultar numa "sobrecarga de trânsito que a zona não comporta", entende Fonseca Ferreira.
O responsável lançou para a mesa a possibilidade de se construírem parques de retaguarda na Bela Vista, com serviços de autocarros regulares e rápidos para a baixa comercial, mas a Câmara de Setúbal parece preferir criar bolsas de estacionamento próximas das lojas. As várias hipóteses em estudo, adiantou Demétrio Alves, director executivo da Setúbal Polis, são um parque subterrâneo a nascente da avenida, com 270 a 300 lugares, um silo com 400 lugares junto à Doca das Fontaínhas e outros dois parques, a poente da Luísa Todi e na Avenida dos Combatentes.

Câmara aberta a debates com a população
Criar uma nova zona de lazer, interditando o trânsito numa das faixas e criando esplanadas, zonas verdes e equipamentos de animação é o principal objectivo da obra de requalificação da Avenida Luísa Todi, que vai custar 12,5 milhões de euros e que assenta num projecto da autoria do arquitecto Manuel Salgado.
A intervenção não é, porém, consensual, e mesmo a presidente da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira, admite que "uma obra desta envergadura é sempre polémica". Para além da supressão de lugares de estacionamento, o projecto vai alterar radicalmente o próprio conceito da avenida, com a sua circulação automóvel, até agora, em torno de uma placa central.
Os partidos da oposição têm acusado os responsáveis do Polis de não terem feito uma discussão pública sobre as alterações que se avizinham, mas Maria das Dores Meira garante que "a população foi ouvida" e que continua em funções uma "comissão de acompanhamento que integra várias entidades". Se necessário, "serão promovidos mais debates".
Fonseca Ferreira também tem a certeza de que a obra vai melhorar a imagem de Setúbal, não só para os residentes, mas também para os turistas que são esperados nos empreendimentos turísticos de Tróia e do litoral alentejano. "Setúbal é o centro urbano mais próximo", frisou o presidente da Sociedade Polis.

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