Polícia sueca investiga arma que poderá ter sido usada no assassinato de Olof Palme

O revólver foi encontrado num lago pormergulhadores contratados por um tablóide

A descoberta de um revólver, que a polícia sueca acredita poder ter sido utilizado no assassinato do ex-primeiro-ministro sueco Olof Palme, em 1986, relançou novas esperanças na resolução de uma investigação que dura há mais de duas décadas e que, amiúde, tem sido acusada de incompetência. "Esta é a arma mais importante em todo o caso, aquela que procuramos há muito tempo", avaliou ontem, em conferência de imprensa, o chefe da unidade policial encarregue do inquérito, Stig Edqvist.As expectativas são elevadas - mesmo tratando-se de uma muito ínfima probabilidade de relação com o assassinato de Palme -, uma vez que a polícia suspeita ser esta a arma que procurava há mais de vinte anos: uma Smith & Wesson .357 Magnum que foi usada num assalto em 1983 e cujos exames balísticos feitos aos projécteis encontrados no local revelaram ser a mesma arma com a qual foi morto o antigo e muito carismático primeiro-ministro sueco. "Sabemos que o mesmo revólver foi usado nos dois casos. E agora encontrámos esta [Magnum .357] a que demos a mais alta prioridade de investigação", precisou Edqvist.
O revólver foi encontrado na segunda-feira num lago de Mockfjärd, no centro do país, por mergulhadores que tinham sido contratados pelo tablóide sueco Expressen, o qual investigava uma antiga pista anónima segundo a qual uma Magnum .357 fora deitada ao lago pouco depois do assalto de 1983. As autoridades equacionam agora que, se tal aconteceu, a arma pode ter sido pescada para ser usada no assassinato e depois relançada à água.
Olaf Palme foi mortalmente alvejado na noite de 28 de Fevereiro de 1986, tinha 59 anos, numa rua de Estocolmo quando caminhava na companhia da mulher, Lisbet, depois de uma ida ao cinema. Alguém, de acordo com testemunhas, se lhe acercou pelas costas, o segurou pelo ombro e disparou à queima-roupa, fugindo de imediato na direcção de uma escadaria conduzindo a um túnel.
Um único indivíduo foi levado a tribunal: Christer Petterson, alcoólico e toxicodependente com uma anterior condenação por homicídio no cadastro, a quem foi proferida em 1989 sentença de prisão perpétua, mas que acabou por ser ilibado em julgamento de recurso por falta de provas forenses e por não ter sido demonstrado motivo plausível para o crime. Petterson morreu há dois anos.
Passadas duas décadas sobre a morte de Palme, o mistério do seu assassinato permanece imerso em teorias conspirativas. O dedo da culpa já foi apontado à CIA, a esquadrões da morte sul-africanos, ao Partido Trabalhista do Curdistão, a neonazis suecos e até à própria polícia do país. O líder social-democrata era amado e odiado no mundo inteiro: opunha-se ferozmente ao apartheid, à espionagem norte-americana e às ditaduras de direita e, com a guerra fria ainda no auge, mostrava-se favorável à então União Soviética, ao socialista ANC sul-africano e a Fidel Castro, ganhando inimizades tanto no estrangeiro como em casa, onde era acusado de ser comunista.

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