João Moutinho, o símbolo pós-Ronaldo

Jovem de 20 anos faz hoje o 51.º jogo a titular pelo Sporting. É um símbolo em Alvalade depois da saída de Cristiano Ronaldo

Os números não mentem e todos os últimos treinadores que orientaram João Moutinho, incluindo nas selecções nacionais, reconheceram a categoria do pequeno craque leonino. Lançado por José Peseiro em 2004-05, Moutinho é uma aposta firme de Paulo Bento desde que este há precisamente um ano pegou nos destinos da equipa do Sporting. O camisola 28 fará hoje o 51.º jogo consecutivo a titular pelos "leões" (34 na última temporada; dez na anterior), quando esta noite subir ao relvado de Alvalade. Tem apenas 20 anos.Em duas épocas, Moutinho participou em 55 jogos no principal campeonato português. Estreou-se a 23 Janeiro de 2005, em Barcelos, frente ao Gil Vicente (vitória dos "leões" por 0-3). Tinha 19 anos e foi-se impondo a uma forte concorrência constituída por Hugo Viana, Carlos Martins, Custódio, Pedro Barbosa.
E há meia centena de jogos que não larga o posto de patrão no meio-campo leonino. Apesar da sua baixa estatura (1,70 m e 61 kg), é o motor da equipa. Na sua época de estreia ganhou o prémio de Jogador Revelação instituído pelo PÚBLICO. Na temporada seguinte, marcou três golos e foi titular indiscutível - foi o único totalista no campeonato (jogou todos os 3060 minutos).
Moutinho é agora o melhor recuperador de bolas do Sporting, com uma média de 8,67 recuperações por jogo (mais duas intercepções por encontro). Sem ser um médio-defensivo, encaixa na perfeição no esqueleto de Paulo Bento - a par da linha avançada, integra a primeira barreira de oposição ao adversário quando este tem a bola.
O seu fraco pendor atacante (3,83 ataques e um cruzamento por partida, em média) fica preso pela posição mais defensiva no losango do meio-campo; e pelas faltas que sofre (três por encontro).
Paulo Bento não abre mão dele - Moutinho jogou em todos os jogos do campeonato e da Liga dos Campeões desde que o técnico tomou conta do cargo de treinador.
Não é por acaso, de resto, que João Moutinho é, na Liga dos Campeões, dos jogadores que mais faltas sofrem: juntamente com Diego (Werder Bremen) e Jurietti (Bordéus), o português sofreu 12 faltas; mais atrás segue Ronaldinho (Barcelona), com 11. O camisola 28 dos "verde e brancos" jogou os 270 minutos nos três encontros europeus frente ao Inter de Milão (1-0), Spartak de Moscovo (1-1) e Bayern de Munique (0-1).
No losango do meio-campo, só Moutinho não sai das contas de Paulo Bento. Custódio, Carlos Martins, Romagnoli, Djaló, Miguel Veloso, Farnerud e Paredes - todos têm rodado no carrossel do treinador. A excepção é Moutinho, embora tenha experimentado vários lugares.
É nas alas que o jovem algarvio se ressente mais e parece mais escondido do jogo, participando numa posição de maior sacrifício na equipa. Tanto colocado no vértice mais recuado ou no mais ofensivo, Moutinho assume maior preponderância.
Apesar de ainda muito jovem, João Moutinho mostra grande maturidade em campo - é capitão dos sub-21 e já representou a selecção A. A explicação pode passar por ser filho de desportistas: o pai, Nélson Moutinho, chegou a jogar no Benfica; a mãe foi jogadora de basquetebol.
É o terceiro capitão do Sporting, atrás de Custódio e Ricardo. E o primeiro para os adeptos sportinguistas na era pós-Ronaldo, a última grande estrela a sair da "fábrica" leonina.

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