Frente ribeirinha de Lisboa está em risco frequente de inundação

Câmara apresenta plano de drenagem

Um terço dos colectores de Belém, Alcântara e Santa Apolónia têm 40 a 50 anos e podem entrar em ruptura em pouco tempo

As zonas lisboetas da Baixa, Alcântara, Belém, Santa Apolónia e Beato estão em risco frequente de inundação, revela o diagnóstico feito a uma parte da rede de esgotos da cidade e que integra o Plano Geral de Drenagem de Lisboa, apresentado ontem pela câmara e pela Emarlis, a empresa municipal que gere as águas residuais do concelho.Os resultados das duas primeiras fases do plano (num total de seis), onde foram diagnosticados e caracterizados os principais problemas do sistema de drenagem, indicam que este é " um sistema complexo, constituído por uma rede bastante antiga e extensa, onde se têm constatado persistentemente diversos tipos de problemas, nomeadamente ao nível de inundações frequentes e danos ambientais".
As zonas onde foram detectados maiores riscos de inundação são a Baixa, Alcântara, as zonas ribeirinhas de Pedrouços-Belém e de Santa Apolónia (Rua da Bica do Sapato) e o Beato (Avenida Infante D. Henrique).
O Plano Geral de Drenagem de Lisboa - orçado em 230 mil euros e adjudicado pela Emarlis no início deste ano ao consórcio Chiron, Engidro e Hidra - vai entrar em vigor durante o primeiro semestre de 2007 e visa conhecer melhor a rede de esgotos da cidade e prevenir problemas como inundações e poluição.
Rodrigo Oliveira, representante da Chiron, explicou durante a apresentação do plano que ainda não foi possível "caracterizar muito bem a antiguidade dos colectores que estão a funcionar, mas que podem entrar em ruptura em pouco tempo". Segundo o plano, a bacia da frente ocidental - que engloba as zonas de Belém, Alcântara e Santa Apolónia - tem 40 por cento dos colectores com "muitas dezenas de anos" e cerca de 35 por cento têm 40 a 50 anos.
Carmona tem solução
para a poluição no Tejo
O responsável da Chiron explicou ainda que a rede de drenagem de Lisboa serve 48 por cento do concelho da Amadora e algumas zonas de Oeiras (oito por cento) e de Loures (um por cento). O sistema é constituído por 1440 quilómetros de colectores, dos quais foram seleccionados para estudo uma rede de colectores principais com 173 quilómetros, o que corresponde a cerca de 12 por cento do sistema.
"Estamos a ignorar os problemas de colectores de menores dimensões", disse Rodrigo Oliveira à margem da apresentação do plano, avançando que irão ser criados sucessivamente planos de pormenor em algumas zonas da cidade.
Também presente na apresentação do plano de drenagem da cidade, o presidente da Câmara de Lisboa anunciou que os esgotos de cerca de cem mil habitantes que estão a ser lançados no Tejo sem qualquer tratamento podem ter agora uma solução à vista. Carmona Rodrigues garantiu que a poluição do rio vai diminuir com a ampliação da Estação de Tratamento de Águas Residuais de Alcântara, uma obra que deverá estar pronta dentro de três anos e que foi adjudicada há cerca de duas semanas pela Simtejo, a empresa que gere os sistemas de saneamento de Lisboa e de outros cinco concelhos limítrofes.
Os trabalhos, com um custo de cerca de 64 milhões de euros, vão incluir a cobertura da infra-estrutura, de forma a "evitar os maus cheiros", acrescentou. Segundo dados anteriormente fornecidos pela Simtejo, o despejo directo dos esgotos verifica-se "na faixa entre o Chafariz de Dentro, a Praça do Comércio e o Cais do Sodré".

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