Primeiro fuzilamento na Somália

Islamistas de Mogadíscio proíbem que se masque planta estimulante no Ramadão

A União dos Tribunais Islâmicos (UTI) procedeu ontem à sua primeira execução desde que assumiu, em Junho, o controlo da capital somali, Mogadíscio. Centenas de cidadãos testemunharam a morte do réu, um homem de 25 anos, condenado pelo assassínio de um negociante a quem tirou o telemóvel. A UTI também proibiu que durante o mês sagrado do Ramadão se possa mascar qat, uma planta estimulante. A aliança islamista já ordenou o açoite de consumidores de outras drogas. Mas esta é a primeira vez que persegue o consumo, muito popular, de qat, usada igualmente num chá tradicional.
Ao contrário dos rivais seculares, que têm um governo a funcionar na cidade de Baidoa, os combatentes islamistas não estão autorizados a mascar o qat. Mas o correspondente da BBC, Mohammed Olad Hassan, explica que o produto ainda está abertamente à venda em Mogadíscio, enquanto não começa o Ramadão.
"Dizemos a toda a gente que comete crimes que serão punidos de acordo com a lei islâmica da sharia, disse à Associated Press um porta-voz da UTI, Abdirahim Ali Mudey.
"As milícias tinham o rosto coberto e dispararam até Abdulkadir Mohamed estar morto", contou entretanto à AFP a testemunha Ahmed Mukhtar Outra, Amina Osman, desabafava: "Foi assustador ver uma pessoa ser morta."
Os tribunais islâmicos somalis encontram-se divididos entre os elementos moderados e os de linha dura, que gostariam de instituir um regime do tipo do que os taliban mantiveram no Afeganistão.
Algumas salas de cinema de Mogadíscio foram encerradas por projectarem filmes estrangeiros ou até jogos de futebol realizados no estrangeiro. Mas a segurança aumentou na cidade, com a UTI a dizer não serem necessários as tropas da União Africana (UA) pedidas pelo Executivo de Baidoa, que fica a 250 quilómetros.
A UA, que já se encontra na região sudanesa do Darfur, também respondeu positivamente à solicitação das autoridades interinas somalis. No entanto, os islamistas - que negam ter algo a ver com a Al-Qaeda - rejeitam essa hipótese.

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