Bandeiras negras em Mirandela contra fecho da Maternidade

Autarca local está apenas à espera do anúncio oficial para contestar a decisão do Ministério da Saúde

O presidente da Câmara de Mirandela, José Silvano, anunciou ontem que vai inundar a cidade de tarjas e bandeiras pretas em "sinal de luto" pela decisão do ministro da Saúde de encerrar a maternidade local. "Esta decisão foi das piores que poderia ter acontecido a Mirandela", disse à Lusa o autarca social-democrata, referindo-se à confirmação feita pelo ministro Correia de Campos de que, das duas maternidades do Nordeste transmontano, encerra a maternidade de Mirandela e mantém-se a de Bragança.O edil anunciou que, "a partir de quarta ou quinta-feira, em todos os mastros existentes na cidade, vão ser colocadas bandeiras pretas e desfraldadas trajas da mesma cor nos edifícios públicos, pontes e entradas da localidade". O autarca convidou também a população que queira juntar-se ao protesto a colocar nas suas casas panos negros.
O protesto, segundo disse, é para manter por tempo indeterminado e segue-se a outros promovidos pelo autarca, que já tinha colocado painéis gigantes contra o encerramento das maternidades e perda de serviços públicos e promoveu, em Maio, uma das maiores manifestações de sempre no Nordeste transmontano. Silvano tinha anunciado que vai também pedir a impugnação judicial da decisão do ministro da Saúde, divulgada numa entrevista de Correia de Campos publicada no domingo no Jornal de Notícias (JN).

Novas manifestações de rua na calha
O ministro confirmou desta forma uma decisão aguardada há meses no Nordeste transmontano, sobre qual das duas maternidades iria encerrar, a de Bragança ou de Mirandela. O autarca de Mirandela quer saber como é que o ministro vai justificar em tribunal o encerramento da maternidade mais central geograficamente, com maior número de partos, melhores acessibilidades e mais próxima dos centros com melhores cuidados de saúde, como Vila Real ou o Porto.
José Silvano sublinhou que "o ministro não pode tentar iludir a questão com os 1500 partos que tem alegado ser o número mínimo para o funcionamento em segurança, porque nem a maternidade de Mirandela, nem a de Bragança registam juntas esses nascimentos". De acordo com dados avançados pelo autarca, "em Mirandela nasceram 510 crianças e em Bragança 440, em 2005, e este ano Mirandela regista já mais 60 partos do que Bragança".
Silvano disse estar a aguardar a confirmação oficial da decisão para avançar com o pedido de impugnação no tribunal administrativo e pondera também convocar novas manifestações de rua contra o encerramento da maternidade. Considera ainda que "o encerramento da maternidade de Mirandela ditará também o fecho da de Bragança", pois acredita que as parturientes do sul do distrito recorrerão à região vizinha de Vila Real e não a Bragança, com o encerramento da sala de partos de Mirandela. Lusa

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