Em 2003 Líbia quase possuiu uma bomba nuclear

Antes do abandono do seu programa de armas de destruição maciça em 2003, a Líbia esteve quase a fabricar a bomba nuclear, declarou o coronel Muammar Kadhafi, citado ontem pela agência noticiosa oficial Jana. "A Líbia esteve na iminência de fabricar uma bomba nuclear: isso já não constitui um segredo. Quer os americanos, quer a Agência Internacional de Energia Atómica [AIEA] estavam ao corrente [do projecto]", disse o máximo responsável de Tripoli perante uma convenção de engenheiros reunidos na capital.
"Despendemos muito dinheiro em projectos militares mas não em projectos civis de reconstrução. As nossas esperanças sobre a edificação de um espaço conjunto árabe eram enormes, mas infelizmente tudo isso fracassou", referiu ainda Kadhafi, que também recordou o apoio do seu país a movimentos de libertação em África, na América, na Ásia e mesmo ao Exército Republicano Irlandês (IRA).
"Esse apoio era indispensável na época. Era em nome do nacionalismo árabe, do socialismo e da revolução. Agora, tudo está alterado e pagámo-lo muito caro", acentuou o líder líbio.
Em Dezembro de 2003 o coronel Kadhafi surpreendeu o mundo ao anunciar que o seu país renunciava oficialmente ao programa de armas de destruição maciça. Uma decisão que contribuiu de forma determinante para a melhoria das relações da Líbia com o Ocidente e em particular com os Estados Unidos. Em 15 de Maio deste ano, Washington anunciou o restabelecimento das relações diplomáticas com Tripoli, e de seguida a retirada da Líbia da sua lista de países acusados de apoiarem o terrorismo.
Em paralelo, foi anunciado que o processo de cinco enfermeiras búlgaras e de um médico palestiniano, acusados de terem inoculado com o vírus da sida crianças líbias, foi adiado para 8 de Agosto. O caso foi retomado ontem no tribunal criminal de Tripoli sem a presença das testemunhas de defesa. "O processo foi adiado para permitir ao procurador convocar as testemunhas de defesa", explicou o presidente do tribunal, o juiz Mahmud al-Howeissa.
O tribunal rejeitou ainda um pedido da defesa para que voltem a ser investigadas, por especialistas internacionais, as razões da propagação da sida na Líbia. Os acusados, detidos desde 1999 e condenados à morte em primeira instância em Maio de 2004, clamam pela sua inocência e afirmam que a polícia "obteve confissões através de tortura".

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