Patriarca ortodoxo reúne 200 ambientalistas e cientistas no Amazonas

Uma bênção das águas no domingo juntará líderes religiosos
e chefes indígenas,
na presença
do Presidente Lula

O patriarca ortodoxo de Constantinopla, Bartolomeu I, está desde ontem à noite em Manaus (na Amazónia brasileira), para presidir a um simpósio dedicado aos problemas da maior bacia hidrográfica do mundo. Duzentos cientistas, líderes religiosos, governantes e ambientalistas irão debater, durante uma semana, problemas como a desflorestação, a perda de biodiversidade, a introdução de organismos geneticamente modificados ou os direitos dos povos indígenas da Amazónia. A iniciativa do líder espiritual dos cristãos ortodoxos, com o título Amazonas, fonte de vida, terá início formal esta manhã e terminará na próxima quinta-feira, dia 20. Em boa parte do tempo, o simpósio decorre a bordo de um barco que percorrerá locais simbólicos da biodiversidade e dos problemas do Amazonas: áreas desflorestadas e a Floresta Nacional Tapajós, em Santarém, a reserva Pau Rosa, o Parque Nacional do Jaú ou as ilhas Anavilhanas serão alguns dos locais a visitar pelos participantes.
Um dos momentos mais simbólicos do simpósio será no domingo de manhã: na presença do Presidente Lula da Silva, o patriarca Bartolomeu, acompanhado dos líderes religiosos presentes e de chefes indígenas, fará a bênção das águas, no lugar onde se juntam as águas azuis do Solimões com as do rio Negro.
Este é já o sexto simpósio do género promovido pelo "patriarca verde", como por vezes é designado por causa das suas preocupações ecológicas (ver caixa). "O rio Amazonas simboliza a magnificência e vulnerabilidade da criação de Deus. Um dos maiores desafios de nosso tempo é a perda da floresta húmida tropical. Ela toca não só a vida dos povos indígenas e tradicionais que vivem na floresta, mas de toda a humanidade", afirma Bartolomeu, numa declaração enviada aos participantes.
"Queremos aprender com os líderes e cidadãos brasileiros sobre a Amazónia, para podermos explorar juntos as possibilidades de cooperação e aspirar a uma ética mais protectora do nosso meio ambiente", acrescenta. E, numa entrevista dada ao jornal O Estado de São Paulo, em 25 de Junho, o patriarca afirmava: "Sabemos que há uma preocupação mundial com a Amazónia. Queremos conhecer e aprender. E queremos oferecer nossa perspectiva e contribuir para o diálogo que leve à solução dos problemas."
Em declarações ao PÚBLICO, o coordenador do simpósio para a imprensa, John Bennett, diz que a iniciativa pretende estudar a situação do Amazonas, apoiar os esforços do Brasil na protecção da floresta e do rio, e formular princípios para uma ética ambiental que inspire o respeito pela natureza.
Sobre a preocupação das igrejas acerca da questão ecológica, Bennett diz que, nas comunidades cristãs, tem crescido o empenhamento com as questões ecológicas: "O patriarca já afirmou a sua convicção de que a natureza será melhor protegida se aos instrumentos de análise da ciência se puder juntar a influência moral da religião."

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