Famalicão compra castro das Eiras e fica com a "Pedra Formosa"

O castro será um dos sítios arqueológicos do Norte do país que, juntamente com outros locais da Galiza, irá integrar uma candidatura para classificação como património mundial

A Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão assinou anteontem a escritura de aquisição do terreno onde se situa o castro das Eiras, na freguesia de Pousada de Saramago, permitindo, segundo a uma nota informativa difundida pela autarquia, "a recuperação e valorização deste nicho arqueológico". O castro, acrescentou ao PÚBLICO Artur Sá da Costa, director do departamento de Educação e Cultura da Câmara Municipal de Famalicão, será um dos sítios arqueológicos do Norte do país que, juntamente com outros locais da Galiza, irá integrar uma candidatura conjunta à UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) para obtenção da classificação de património mundial. Nesse sentido, será criado no local um núcleo museológico e abertos caminhos para outros locais onde se pensa que poderão existir pontos de interesse arqueológico. Sá da Costa estima que as escavações se estendam por quatro freguesias: Vermoim, Joane, Pousada de Saramagos e Telhado.
Com a compra da área em causa, o município adquire também a "Pedra Formosa", uma pedra decorada de um balneário do século I antes de Cristo que terá de ser recuperada, já que se encontra partida.
A pedra foi vista por Martins Sarmento, que a mencionou na obra literária Antiqua, mas só em 1990 foi divulgado com profusão (em diversos órgãos de comunicação social) a importância do castro e da pedra. Os proprietários do local, porém, não autorizaram a realização de escavações e o sítio foi alvo de vandalismo. Segundo Sá da Costa, em 1993 a câmara soube que a pedra já se encontrava danificada e foi tentando, sem sucesso, comprar o espaço. Por isso, considera "muito importante" a assinatura da escritura da aquisição do espaço, mais de um ano depois de a câmara ter autorizado a compra.
Foi na reunião do executivo de 9 de Março de 2005 que, por proposta de Durval Tiago Ferreira (manteve-se na vereação após as eleições autárquicas do passado mês de Outubro), foi aprovada a compra do terreno por 37 mil euros, tendo sido especificado que a área em causa (7400 metros quadrados) estava classificada como Reserva Ecológica Nacional (assim está inscrita no Plano Director Municipal), onde não é possível ser efectuado qualquer tipo de construção.
A compra do terreno vai ser oficializada precisamente 801 anos após a atribuição do foral de D. Sancho I que criou o concelho. Ainda no âmbito das comemorações dessa data, a câmara inaugura o novo quartel da Polícia Municipal, numa praça interior (delimitada pelo Departamento de Obras Municipais) com acesso a partir da Avenida de 25 de Abril. O novo edifício custou 338 mil euros e tem dois andares. No rés-do-chão existe um átrio, uma sala de atendimento e audição, uma secretaria, uma sala para técnicos superiores, gabinetes operacionais, arrecadações e sanitários masculinos e femininos devidamente adaptados a pessoas com dificuldades de locomoção. O primeiro andar é reservado para áreas sociais (sala de convívio, balneários masculinos e femininos e camaratas) e para uma sala de reuniões do efectivo.
A fadista Mariza encerra as comemorações da concessão do foral com um concerto no pavilhão municipal (22h00) onde apresentará o seu novo álbum, intitulado Transparente.

Sugerir correcção