Torne-se perito

Explicada relação entre o amianto e o cancro

Activação de proteína que protege as células danificadas leva
à doença

Cientistas norte-americanos identificaram o mecanismo molecular que leva o amianto a provocar cancro nos pulmões. Os resultados, publicados ontem na revista norte-americana The Proceedings of the National Academy of Sciences, ajudam a desvendar alguns dos mistérios que tornam o amianto cancerígeno e apontam caminhos para novos métodos de tratamento.O amianto, que tem estado no centro de diversas polémicas, foi durante muito tempo usado na construção de edifícios e já esteve na origem de vários processos judiciais instaurados sobretudo nos Estados Unidos. Agora, a equipa de Michele Carbone e Haining Yang, da Universidade de Chicago, descobriu que o amianto desencadeia a produção de uma proteína ligada à inflamação, conhecida como "factor-alfa da necrose tumoral".
As células expostas ao amianto produzem essa proteína, que, por sua vez, provoca a activação de uma outra, a NF-kB. E é esta que vai proteger as células danificadas pelo amianto, impedindo que morram. Assim, em vez de morrerem, essas células dividem-se e podem acabar por desencadear tumores malignos.
Uma das perspectivas apresentadas por esta investigação é que, com um tratamento que iniba especificamente a proteína ligada à inflamação, bem como a NF-kB, poder-se-á prevenir os efeitos nocivos do amianto. Como já existem medicamentos que têm esse objectivo, os cientistas admitem a possibilidade de poderem ser testados para reduzir a incidência de cancro de pulmão causado pelo amianto.
Com a particularidade de resistir a temperaturas muito elevadas, mesmo superiores a 1000 graus Celsius, o amianto é uma fibra mineral que, quando se desfaz, liberta pequenas fibras que vão danificar os pulmões. O seu uso foi, até há pouco tempo, bastante diversificado. Serviu para construir equipamentos para bombeiros ou reforçar o betão armado. Também foi usado na construção do muro de Berlim.
Não existem dúvidas de que é cancerígeno, mas não há consenso quanto à melhor forma de lidar com o amianto que foi usado em edifícios. Há quem defenda que é preferível deixá-lo estar, sobretudo se estiver protegido e em bom estado, sem libertar fibras.

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