Mau tempo gerou pânico e causou 17 feridos em Famalicão

Tempestade abateu-se sobre estádio onde milhares de pessoas assistiam ao desfile de marchas antoninas

Vento e trovoada fortes, acompanhados da queda de muita chuva e de granizo, foram suficientes para, durante sete minutos, lançar o pânico sobre os milhares de pessoas que, ontem de madrugada, cerca das 00h40, estavam nas ruas e no estádio de Famalicão a festejar o Santo António. A confusão gerada pelo inesperado mau tempo provocou dezasseis feridos leves e um mais grave, com fracturas expostas. Os efeitos do mau tempo foram mais problemáticos no recinto desportivo, onde as cerca de três mil pessoas que assistiam ao desfile das marchas antoninas se precipitaram para os portões de acesso à bancada coberta, para debaixo da bancada descoberta e para as saídas do estádio. Ontem, em declarações à Rádio Digital, Aires Barroso, coordenador do Serviço Municipal de Protecção Civil, admitiu que "há alguma coisa a melhorar" na fluidez de saída do interior do estádio, já que os pontos de evasão não chegaram para libertar uma multidão em fuga.
Quando desfilava a sétima marcha, o tempo enfureceu-se e os espectadores que ocupavam a bancada do estádio procuraram encontrar um local de refúgio. O palco onde estava o júri abanou de tal forma que a lona se desprendeu da cobertura e foi arrastada. Diverso material de som e de luzes ficou danificado pela intempérie.
O afunilamento para os mesmos locais de magotes de espectadores provocou ferimentos em duas pessoas e gerou o pânico. O ferido com fracturas expostas teve de ser transferido para o Hospital de S. Marcos, em Braga, onde seria sujeito a intervenções cirúrgicas. Não corre risco de vida. Alguns dos feridos apresentavam sinais de hipotermia, já que desabou uma chuva gelada e granizo sobre uma mole humana vestida com roupas leves. A noite começara quente e abafada.
O vereador com o pelouro da Protecção Civil na autarquia famalicense, José Manuel Santos, encontrava-se no exterior do estádio quando surgiram os primeiros avisos do temporal. Assim, disse ao PÚBLICO, foi mais fácil activar o Plano Municipal de Protecção Civil.
Para além dos estragos no estádio, o mau tempo provocou ainda queda de árvores de grande porte sobre um lago na Rotunda do 1.º de Maio, danificando estruturas camarárias e a vedação do espaço. Na freguesia de Brufe, a Estrada Nacional 206 esteve cortada até que os bombeiros conseguissem retirar uma árvore que também não resistiu aos ventos e tombou sobre a via.

Fenómeno não é inédito na cidade
O fenómeno verificado na noite de anteontem não é inédito em Famalicão. A meio da tarde de 2 de Setembro de 1999, idêntico temporal abateu-se subitamente sobre o centro da cidade, causando avultados prejuízos. A destruição atingiu sobretudo as instalações da feira de artesanato que deveria ser inaugurada nesse dia, que foram completamente destruídas. As rajadas de vento foram acompanhadas por fortes saraivadas. Segundo os relatos de então, "o granizo era parecido com bolas de pingue-pongue" e partiu vidros, amolgou automóveis e rasgou os toldos da generalidade dos estabelecimentos comerciais no centro da cidade. Na estação de caminhos-de-ferro local, ruiu o tecto da sala de controlo. com J.A.M.

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