João Rodrigues sai da Dom Quixote

O director editorial
vai fazer uma pausa para reflectir sobre
o mercado dos livros

João Rodrigues, director editorial das Publicações Dom Quixote desde Setembro de 2004, pediu a demissão esta semana por estar desiludido com o actual estado do mundo editorial. Foi-lhe pedido que continuasse em funções até ao fim de Julho e irá, por isso, continuar a acompanhar os autores portugueses da editora nas feiras do livro de Lisboa e Porto.João Rodrigues, que trabalha com livros há 20 anos, irá "fazer uma pausa para reflexão sobre as actuais condições de funcionamento do mercado dos livros e decidir sobre a sua intervenção futura", lê-se na declaração escrita que a editora enviou ao PÚBLICO quando lhe foi pedida a confirmação da notícia. Nessa declaração diz-se também que "o processo de saída foi acordado com toda a naturalidade e cordialidade".
No final do texto, a Dom Quixote agradece a João Rodrigues "a forma exemplar como desempenhou as suas funções e deseja-lhe os maiores sucessos nos projectos e iniciativas em que se vier a envolver". O documento está assinado pelo administrador executivo João Paixão, responsável pela gestão da editora e representante do grupo Planeta (o maior grupo editorial de Espanha que em 1999 comprou a Dom Quixote) e também por João Rodrigues.
Da equipa editorial da Dom Quixote fazem parte mais dois directores editoriais, Mário Sena-Lopes e Tereza Coelho, e três editores, Cecília Andrade, Duarte Jorge e Célia Almeida, que continuarão a exercer funções. Não se sabe ainda quem depois de Julho vai lidar directamente com os autores portugueses.
Nelson de Matos, que o ano passado saiu da empresa e é o actual editor da Ambar, dirigiu a Dom Quixote durante 23 anos. De 1987 a 1991, João Rodrigues, que é formado em Direito, fez parte da sua equipa. Primeiro como revisor e depois como assistente editorial na ficção estrangeira de Manuel Alberto Valente (actual editor da Asa, mas que nessa altura também trabalhava na Dom Quixote) e de João Carlos Alvim. Saiu depois para dirigir as Edições Cosmos, a seguir foi para a Asa e mais tarde para a direcção editorial da Central Livros. De 2001 a 2004 foi o editor da Ambar, onde desenvolveu um projecto de literatura portuguesa e estrangeira para adultos.

Sugerir correcção