Torne-se perito

Radionovela regressa hoje pela mão do Rádio Clube Português

Há mais de trinta anos que não se ouvia falar da radionovela na rádio portuguesa. Mas o Rádio Clube Português (RCP) quebra hoje essa ausência depois do noticiário das nove da manhã. Uma maldição paira sobre Lisboa e a chave para desmontar a intriga, tão ao sabor do badalado Código Da Vinci, de Dan Brown, perde-se na história. São dez episódios para acompanhar até às seis da tarde e que ressuscitam este estilo radiofónico que pertence à história da rádio em Portugal e do próprio RCP.Em O Penúltimo Dia há um mistério que envolve a cidade de Lisboa e cuja chave reside na Batalha de Ourique de 1139 e no dia 1 de Novembro de 1775, dia do grande terramoto de Lisboa. Como se fosse uma maldição inscrita nos genes da cidade. A sinopse é feita por Alexandre Borges, autor do guião desta radionovela moderna e co-autor da próxima novela da TVI, Dinheiro Vivo, que não esconde que "a ideia era aproveitar o élan do Código Da Vinci para criar uma história com os mesmos ingredientes".
O final da história Alexandre Borges não revela. Principalmente porque não está escrito. Será traçado pelo ouvintes do RCP. A rádio lançou um concurso e até ao dia 25 de Junho e o autor do melhor final pode ser o autor da próxima radionovela do RCP.
Desde Novembro de 1974 que a rádio portuguesa não tem radionovela. Eduardo Street, autor do livro O Teatro Invisível - História do Teatro Radiofónico, afirma que era um estilo próprio das rádios populares, que fez a sua história muito graças ao RCP. Eduardo Street lembra sucessos da década de 50, como a radionovela A Força do Destino, que popularizou a personagem que ficaria conhecida como "a coxinha do Tide". "Eram guiões comprados ao quilo e tinham de ter publicidade para se pagarem".
A última vez que se ouviu falar da radionovela em Portugal foi em Novembro de 1974 com "Simplesmente Maria", que resistiu à revolução de Abril e passava na Rádio Renascença. Depois veio a telenovela: "A Gabriela matou a radionovela", defende Manuel Bravo, antigo conservador do Museu da Rádio, referindo-se ao fenómeno de popularidade que foi entre nós a primeira novela brasileira. Mas garante que a curiosidade o vai manter ligado amanhã ao RCP. Eduardo Street afirma que talvez a radionovela tenha tido o seu tempo. Mas o teatro radiofónico, mais elaborado, existe ainda por todo o mundo: "Só nós é que o abandonámos." Ana Machado

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