Maior fábrica europeia de painéis solares nasce em Portugal

Construção começa no final deste mês, em Oliveira do Bairro, com a ambição de duplicar a produção em 2007 e tornar-se a maior unidade do mundo neste sector

No final deste mês, vai começar a nascer em Oliveira do Bairro a maior fábrica da Europa de produção de painéis solares, num investimento de cerca de 15 milhões de euros e que permitirá numa primeira fase a criação de 100 empregos directos (20 por cento dos quais qualificados) e de 300 indirectos. No fim do corrente ano, começarão a ser construídos os primeiros dos 125 mil painéis previstos para o primeiro ano de laboração. A responsabilidade deste investimento é da Solar Plus - Produção de Painéis Solares SA, uma sociedade constituída por 80 por cento de capitais portugueses (maioritariamente pela Eurico Ferreira e pela Telcabo), tendo como parceiros tecnológicos os norte-americanos da Energy Photovoltaics Inc. (EPV).
O entusiasmo com a criação desta unidade leva mesmo os responsáveis da Solar Plus, criada em Dezembro último, a ambicionar um passo de gigante logo no primeiro ano de funcionamento. Segundo revelou ao PÚBLICO Francisco Gouveia, administrador da empresa, a meta é "duplicar a produção durante o ano de 2007, um investimento que poderá ascender aos dez milhões de euros, fazendo assim com que esta passe a ser a maior unidade do mundo neste segmento".
O "segmento" a que Francisco Gouveia se refere é aquele que implica a utilização de uma matéria prima bastante dispendiosa na Europa, o sílico cristalino (na base da feitura dos painéis que são vistos, por exemplo, na alimentação dos sinais nas auto-estradas). Porém, os painéis que vão sair da fábrica de Oliveira do Bairro, de tecnologia thin film (ver caixa), serão construídos tendo por principal componente o sílico sob a forma de gás, sendo que 80 por cento desta matéria prima será de origem portuguesa.
Os painéis serão integralmente produzidos nesta unidade (integração vertical da produção), desde o desenho, ao fabrico, à comercialização, ao comércio e à instalação. Centrais solares fotovoltaicas, instalações em edifícios, parques de estacionamento, instalações de telecomunicações, electrificação rural e iluminação exterior são algumas das aplicações possíveis.
Dado bastante importante é a intenção da Solar Plus de direccionar a sua produção quase em exclusivo para o mercado externo. Assim, os principais mercados para os quais serão exportados os módulos solares fotovoltaicos são os Estados Unidos da América, a Alemanha, a Espanha e a Itália. Motivo: os fortes incentivos estatais que são concedidos nesses Estados para a utilização de energias renováveis, não só no campo industrial, como também para os consumidores domésticos.
O presidente do conselho de administração da empresa, Rui Silva, assegura que os accionistas da sociedade estão "bastante entusiasmados com a concretização do projecto Solar Plus, sobre o qual têm vindo a trabalhar há mais de um ano".
A escolha da Energy Photovoltaics como parceiro tecnológico resultou de uma prospecção feita ao mercado, que implicou avaliações com "os mais importantes fornecedores de tecnologia do mercado". Os norte-americanos fornecerão tecnologia que permitirá a produção integral dos referidos painéis.
Francisco Gouveia justifica a opção por Oliveira do Bairro pela sua localização privilegiada ("junto aos eixos rodoviários Norte/Sul e Este/Oeste, ao porto de Aveiro e das cidades do Porto e de Coimbra"), bem como "pelas condições que o município proporcionou para a instalação da Solar Plus no seu parque industrial".
Os responsáveis pela sociedade acreditam que a instalação desta unidade em Portugal vai permitir o desenvolvimento de uma fileira de base tecnológica no campo da energia solar fotovoltaica. Por isso, a Solar Plus está em fase de estabelecimento de acordos com diversas entidades portuguesas do sistema científico e tecnológico, "de forma a maximizar a incorporação de inovação e tecnologia nacional no projecto", adiantou Rui Silva.
Portugal é o país da União Europeia que beneficia da mais alta média de insolação - superior a 2.200 horas por ano -, colocando-se assim na primeira linha dos palcos por excelência para teste e produção desta tecnologia. Refira-se que, na última década, a energia fotovoltaica tem crescido a mais de 30 por cento ao ano em todo o mundo.

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