os 20 anos cheios de alma da "rádio do grande porto"

A frequência 94.8 comemora hoje, no Pavilhão Rosa Mota, 20 anos de trabalho ao serviço do "povo". As acções de exterior e a produção de espectáculos são uma das imagens de marca de uma rádio local que privilegia a música portuguesa

Num grupo de cerca de 25 trabalhadores, há quem tenha visto nascer a Rádio Festival e quem só agora tenha apanhado o comboio num projecto direccionado para o contacto com o público e para a expansão da música nacional. Alberto Rocha e Alexandra Pereira são duas das vozes que ilustram essa dicotomia. Alberto trabalha há 20 anos na rádio e é actualmente director de programas. Alexandra começou em 2004 e é jornalista. Percursos e idades distintos, unidos pelo mesmo horizonte: animar e informar com entrega os ouvintes. As fotografias de figuras públicas expostas na parede da entrada do estúdio - de Pacheco Pereira a Marco Paulo - marcam a evolução das duas décadas da emissora. Os anos passam, mas o propósito mantém-se: fazer com que as pessoas sintonizem uma "rádio popular e alegre". "A ideia é mantermo-nos fiéis àquele projecto de rádio portuguesa, do povo, e de valorização dos intérpretes e autores portugueses", explica Alberto Rocha. A satisfação e o sentimento de dever cumprido e continuado vêem-se nos olhos e nos gestos largos. Não é caso para menos. O director de programas viu nascer o projecto. "Já conheço todos os cantos à casa", diz, com um sorriso aberto.
A opção pela rádio foi impulsionada pela ideia de uma carreira "fascinante". Começou por ser técnico, o que lhe permitiu "ganhar uma experiência mais ampla das diversas áreas da rádio", e, aos poucos, foi evoluindo, "como a Festival". "Foram e são anos de aprendizagem", avalia.
O balanço dos 20 anos é de "evolução". "Fomos estipulando metas e avançámos cada vez mais", frisa Alberto Rocha, aludindo a um percurso rico em episódios: "Há muitas situações divertidas, desde as partidas que pregamos uns aos outros, até aos grandes espectáculos. É arrepiante a forma como as pessoas nos tratam, como se fôssemos da família".

"As acções no exterior são a nossa marca""A rádio do Grande Porto." É com esta frase que se dirigem aos ouvintes, porque são a razão da sua existência. Alexandra Pereira ainda vai completar dois anos de "casa", mas já se sente integrada no projecto. "Há uma equipa fenomenal que se dedica muito aos ouvintes", refere, com um tom suave. Elege, de entre vários momentos especiais, "a oportunidade de ir logo para o microfone dar notícias, fazê-las e escolhê-las".
Com um sorriso nos lábios, a jornalista reconhece que os espectáculos no exterior são inimagináveis. "Chegar ao Pavilhão Rosa Mota e ver 10.000 pessoas para festejar connosco é arrepiante", afirma. Alberto Rocha interrompe para "atirar" sobre a mesa redonda, com dois microfones, fotografias de espectáculos promovidos pela Festival. Uma a uma, as imagens revelam milhares de pessoas animadas. "A Festival é uma rádio com alma e sentimentos", solta o director, num tom orgulhoso, para depois esclarecer: "A nossa vantagem é sermos uma rádio que não fica em estúdio, as acções no exterior são a nossa marca".
São diversos os espectáculos promovidos pela Festival. O mais marcante é o aniversário, no Pavilhão Rosa Mota. "A lotação do pavilhão será a nossa", estima Alberto Rocha, com entusiasmo, recordando que, no ano passado, estavam mais de 10.000 pessoas no espectáculo. No cartaz da presente edição, lê-se: Marco Paulo, Ágata, Anjos, Rui Veloso... "Durará das 15h00 às 20h00, mas, de manhã, tem animação com insufláveis, bombos e ranchos", desvenda.
Todos os dias, a programação desta rádio apela à participação do público. "Recebemos inúmeros telefonemas e visitas", garante Alexandra Pereira. E o segredo? "Não falamos na terceira pessoa. Falamos para o ouvinte como se estivéssemos com ele."

Uma rádio dirigida a
"um público chamado povo"
A Rádio Festival, com a frequência 94.8, foi fundada em 1986, por José Neves. Contudo, a data oficial que consta na certidão comercial é 19 de Maio de 1989, ano da legalização. Uma "rádio popular e alegre", dirigida para "um tipo de público chamado povo", define Alberto Rocha, director de programas. O nome surgiu das produções de espectáculos de Fernando Gonçalves: "Tinha um programa que se chamava Festival, onde foram lançados muitos nomes da música portuguesa e que teve um grande impacte", explica. Segundo dados referentes ao quarto trimestre de 2005, o share na região do Grande Porto é de 14,1 por cento, ocupando o terceiro lugar, abaixo da RFM (22,2) e da Rádio Renascença (15,1).

Sugerir correcção