José Carlos Marques O fundador do Movimento Ecológico Português

Tradutor e editor, foi um dos fundadores do Movimento Ecológico Português, em Junho de 1975. As suas posições públicas contra a energia nuclear e a favor de uma moratória neste domínio são conhecidas desde o Verão de 1975. "A acção de Ferrel foi uma surpresa para mim e para a maior parte das pessoas", admitiu ao PÚBLICO. Nos meses e anos seguintes, José Carlos Marques desenvolveu um trabalho incansável de divulgação nacional e internacional da luta da população de Ferrel. Em 1977, como dinamizador da colecção Viver é Preciso (sobre temas ambientais), redigiu o apelo Somos todos moradores de Ferrel, que se transformou numa palavra de ordem mobilizadora das futuras iniciativas contra a opção nuclear. Foi por sua sugestão que se realizou em Junho de 1977 um fórum nas Caldas da Rainha destinado a lançar uma moratória do programa nuclear português. Esteve também na génese do festival Pela Vida Contra o Nuclear, realizado naquela cidade em Janeiro de 1978 ("estive lá, mas com uma enorme gripe", recorda). Tem um papel determinante na evocação do 30.º aniversário dos acontecimentos de Ferrel, onde haverá uma concentração festiva no próximo domingo. Jornalista e fundador do Movimento Ecológico Português, é autor de inúmeras obras sobre temas ambientais. Personalidade multifacetada, Afonso Cautela colaborou intensamente em jornais e revistas culturais, tendo publicado livros de poesia. Mas é a sua face de activista da causa ambiental, muito antes de ela ser reconhecida como tal e de ter entrado na agenda política, que mais perenemente o identifica. De O Século a A Capital, passando por outros órgãos de informação onde trabalhou, Afonso Cautela, hoje reformado, deixou ali a sua marca indelével, assinando textos incontáveis de divulgação da problemática ambientalista e de denúncia das agressões ecológicas. Não surpreende, por isso, que tenha sido um dos activistas presentes em Ferrel, cuja causa defendeu como poucos. Num texto escrito para a Gazeta das Caldas por ocasião do 20.º aniversário de Ferrel, escreveu: "Outros, com mais memória, poderão recordar em pormenor o que foi, há 20 anos, a jornada de Ferrel, no contexto das actividades antinucleares em Portugal. Eu aproveitaria este convite para sublinhar alguns dos silêncios e silenciamentos que, na área das movimentações ecologistas e eco-alternativas, se têm verificado desde essa época".
Economista, investigador e jornalista, é director do jornal Gazeta das Caldas desde Maio de 1975. Chega a Portugal em Novembro de 1974, trazendo consigo os ecos da luta antinuclear que agitava França e outros países europeus. O jornal deu cobertura às primeiras movimentações de contestação à projectada central nuclear no concelho de Peniche. "Comecei a publicar notícias e promovemos um debate sobre Ferrel logo a seguir aos acontecimentos de 15 de Março de 1976", diz José Luís Almeida e Silva. É em torno da Gazeta que se vai processar a mobilização antinuclear em Portugal, tendo publicado, entre 1976 e 1984, o suplemento mensal Pela Vida, sobre ecologia e alternativas. O jornal terá um papel preponderante na dinamização e mobilização da opinião pública local e nacional para os temas ambientalistas. E o seu director participou activamente na organização do festival Pela Vida e Contra o Nuclear (Caldas da Rainha e Ferrel, Janeiro de 1978). Vê a iniciativa da população de Ferrel como "um movimento precursor ao nível da consciencialização ecológica em Portugal, que ganhou muita gente para esta problemática".

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