Torne-se perito

RTP recupera tradição do Festival da Canção

Depois de 5 anos de paragem, o Festival RTP da Canção é recuperado e apresenta dez canções para o público escolher

O palco está pronto. Luz, som e câmaras afinados. E as canções, o elemento central, já estão ensaiadas. É o regresso do Festival RTP da Canção depois de cinco anos em que a tradição ficou esquecida no imaginário do serviço público. Esta noite, a partir das 21h15, as músicas "festivaleiras" voltam a entrar na casa dos portugueses.Já vão longe os tempos em que o país parava em frente à televisão para ver a escolha do representante português no Festival da Eurovisão, mas não há quem não guarde alguma memória dos cerca de 40 anos destas noites de canção na RTP. É com base nesta ideia, e talvez devido ao fracasso evidente das soluções apresentadas nos anos mais recentes, que a estação decidiu recuperar o emblemático espectáculo de variedades.
"Criámos agora as condições para duas coisas distintas: escolher uma boa canção para representar Portugal no Festival da Eurovisão e criar um grande programa de televisão", explicou Nuno Santos, director de programas da RTP. Como primeiro passo, foram convidados cinco produtores musicais que ficaram com a tarefa de apresentar duas canções cada um e de escolher os respectivos intérpretes.
Elvis Veiguinha, José Marinho, Luís Oliveira, Ramón Galarza e Renato Júnior são os responsáveis pelos dez temas que vão estar a concurso. Mas depois das actuações a decisão final vai ser dividida entre um júri de sala e a vontade popular. Tó Zé Brito, Fátima Lopes, Filipe La Féria, João Gobern e Simone de Oliveira têm nas mãos 50 por cento da votação, enquanto o resto cabe ao público, através de televoto.
"É um festival muito mais interactivo", diz Helena Ramos, uma das apresentadoras, que considera que este formato de votação mista está inserido no "esforço para voltar a imprimir ao festival a força que já teve". Uma dinâmica que se expande ao formato de apresentação escolhido.
Jorge Gabriel e Isabel Angelino formam o casal de apresentadores em destaque, mas vão ser acompanhados por outros dois pares que entram em palco num sistema rotativo. Eládio Clímaco com Helena Ramos e Daniel Oliveira com Helena Coelho. Uma opção de movimento e de amplitude geracional. "Atravessamos várias gerações, tal como o Festival da Canção", explicou João Nuno Nogueira, director adjunto de programas.
A cerimónia, transmitida a partir do Centro de Congressos de Lisboa (antiga FIL), representa uma forte aposta da estação que promete continuar com a iniciativa nos próximos anos. O investimento é a nível da tecnologia mas também ao nível dos conteúdos. Canções, figurinos originais, coreografias, e muitos outros trunfos serão utilizados na noite da RTP. "O aparecimento das privadas fez com que o festival deixe de ser só canção e passe a ser um espectáculo completo", afirma Eládio Clímaco.
Assim, os espectadores não vão estar em casa a assistir apenas a um desfile de músicas concorrentes como nos velhos tempos da antiga tradição. O formato foi modernizado. "Vamos pontuar as canções com outros elementos cenográficos e com saltos no tempo", explica Maria Borges, da produtora Dreamgate Tv. Grupos de bailarinos, actores e outros cantores, para além dos concorrentes, vão recordar os festivais de décadas anteriores e enriquecer a ilustração cénica do espectáculo.
O vencedor desta noite vai levar a sua canção até à semifinal da Eurovisão, no dia 18 de Maio. Portugal perdeu o direito ao acesso directo, e os últimos três representantes não conseguiram o apuramento. Se o concorrente deste ano conseguir pelo menos chegar à grande final da Eurovisão, em Atenas, no dia 20 de Maio, pode ser que os portugueses se reconciliem um pouco com as andanças "festivaleiras".

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