Comissão de reconciliação da Libéria não iliba culpados

A recém-criada Comissão de Verdade e Reconciliação criada na Libéria (TRC, segundo as iniciais da designação em inglês) não vai evitar recomendar o julgamento dos culpados de massacres, assassínios e violações, garantiu ontem à Reuters o advogado Jerome Verdier, escolhido para a dirigir. "Nenhum membro da sociedade está imune ao processo", assegurou Verdier, activista dos direitos humanos. "Os liberianos pretendem que se preste contas e que seja feita justiça pelas atrocidades cometidas."
O responsável pela comissão de nove elementos a que a nova Presidente Ellen Johnson-Sirleaf ontem concedeu posse declarou que, mesmo sem um mandato para condenar suspeitos, o grupo tem poderes para os convocar e poderá recomendar julgamentos.
Verdier, destacado membro da Associação dos Advogados Ambientalistas da Libéria (os Advogados Verdes), declarou à Reuters que se acaso membros do Governo sejam considerados culpados de violação dos direitos humanos poderão ser perseguidos, depois de quarto de século de abusos e 14 anos de guerra civil desencadeada no fim de 1989.
Perto de 250.000 pessoas foram mortas neste conflito. Outras milhares ficaram mutiladas, muitas vezes devido à acção de crianças drogadas comandadas por implacáveis senhores da guerra. Dois dos mais destacados chefes de bando, Prince Yormi Johnson e Adolphus Dolo, conhecido como "o general Manteiga de Amendoim", foram eleitos em Novembro do ano passado para a Senado.
O actual senador Johnson viu em 1990 os seus homens cortarem as orelhas ao então Presidente Samuel Doe e depois torturá-lo até à morte em cenas que iam sendo gravadas em vídeo. Jorge Heitor

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