Centro de apoio a idosos de Baleizão à beira do encerramento por falta de verbas da Segurança Social

Dentro de três meses, 37 idosos serão postos na rua e 12 funcionários vão para o desemprego por falta de apoio da Segurança Social

Há cinco anos, na freguesia de Baleizão, concelho de Beja, foi inaugurada a primeira fase do Centro Social Nossa Senhora da Graça, com as valências de centro de dia e apoio domiciliário. Foram gastos na obra cerca de 400 mil euros. Quase de imediato, inscreveram-se cerca de 60 idosos. O centro de dia e o serviço de apoio domiciliário, aprovados no âmbito do Projecto Integrar e financiado através de fundos comunitários, foi dimensionado para beneficiar utentes de Baleizão e freguesias vizinhas, cuja característica mais marcante é o envelhecimento populacional.
Mas se a adesão dos idosos foi imediata, também rapidamente se começaram a verificar saídas, por não haver ali a valência de internamento. O promotor do projecto, uma instituição particular de solidariedade social, ficou a aguardar pela aprovação do financiamento destinado a concluir a obra. Falta o internamento e um atelier para a ocupação de idosos, que implicam um investimento de outros 400 mil euros.
Frederico da Palma, presidente da instituição, justifica os serviços de internamento frisando que o problema maior da população local "está na solidão e no abandono" dos idosos. "Estão aqui até às 19 horas e depois vão-se embora para casa e nós não sabemos como passam a noite", comenta o responsável, frisando que a inexistência de internamento "está a inviabilizar a continuidade da instituição" - e, ao mesmo tempo, os postos de trabalho de 12 funcionárias.
Neste momento, o centro de dia e o apoio domiciliário acompanham 37 idosos, na sua maioria a necessitar de internamento. Outros estão, na maior parte dos casos, abandonados nas respectivas residências, sem que ninguém lhes preste um apoio regular e qualificado. "Baleizão é um povo de gente velha", afirma o presidente da instituição, destacando o mal-estar que lhe causa a resposta dos serviços da Segurança Sociaí a quem foi colocada a questão. "Não obstante a pertinência e a necessidade de um lar de idosos" no Centro Social de Nossa Senhora da Graça, "a redução de investimentos em PIDDAC" obriga o ministério a "suspender as inscrições" para novos lares, pode ler-se no ofício que a tutela enviou à instituição.
A partir de agora, por falta de verbas, "só é possível manter o centro a funcionar por mais três meses", admite Frederico Palma. Fica em causa "o futuro de 37 idosos e de 12 funcionários", sobretudo dos primeiros, que deixarão de ter para onde ir com as suas reformas muito baixas.
O presidente da instituição interroga-se sobre as razões que terão determinado a "não conclusão do projecto", já que fora feito um orçamento para as três valências: internamento, centro de dia e apoio domiciliário. "A viabilidade do projecto está a chegar ao fim", salienta, frisando que não é possível o centro assegurar o financiamento de 400 mil euros para a construção da valência de internamento, uma vez que os utentes "pagam pouco porque têm todos reformas muito baixas e a Segurança Social, alegando restrições orçamentais, diz não ter condições para apoiar".
Em caso de encerramento do Centro Social de Baleizão, os idosos dificilmente serão encaminhados para instituições com internamento. "Está tudo superlotado. As pessoas vão regressar a casa e viver a sua solidão. Têm falta de companhia, têm falta de saúde", acentua Frederico Palma.
Com dois meses de atraso no pagamento a fornecedores, o encerramento dos serviços é considerado irreversível "depois de esgotadas todas as tentativas para viabilizar a instituição". Um edifício com cinco anos, construído de raiz e com capacidade para acolher idosos em boas condições, deverá assim ser fechado, quando existem no distrito de Beja centenas de idosos a aguardar um lugar para internamento.

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