Fundação de Serralves "ocupa" Parlamento com O Poder da Arte

Exposição colectiva é inaugurada a 12 de Janeiro. Inclui duas obras, de Pedro Portugal e João Paulo Feliciano, criadas
para o lugar

O Poder da Arte é o título da exposição colectiva que a Fundação de Serralves vai apresentar, entre 12 de Janeiro e 16 de Abril, na Assembleia da República (AR). A mostra, comissariada pelo director do Museu de Arte Contemporânea de Serralves (MACS), João Fernandes, reúne 64 obras (pintura, vídeo, escultura, instalação, livros de artista, fotografia e cartazes) de meia centena de artistas portugueses e estrangeiros, entre os quais Paula Rego, Pedro Cabrita Reis, Julião Sarmento, Júlio Pomar, Helena Almeida ou Thomas Scutt, Claes Oldenburg e Juan Muñoz.A exposição será a primeira grande iniciativa da fundação portuense em Lisboa, e será organizada em função dos espaços da AR, desenvolvendo-se num itinerário que permitirá aos seus públicos visitar muitos das zonas mais nobres do Parlamento.
O Poder da Arte propõe-se, assim, criar "um confronto inesperado e surpreendente entre as características arquitectónicas da AR e as obras de arte que nela serão instaladas", explica a Fundação de Serralves no comunicado de apresentação da exposição. "Cada obra desafia, deste modo, o reconhecimento dos lugares, assim como as expectativas acerca dos espaços de apresentação da arte nos nossos dias".
É com esse objectivo que a exposição inclui duas obras que foram criadas propositadamente para o efeito: Pedro Portugal idealizou uma grande instalação para a escadaria principal da AR, enquanto João Paulo Feliciano realizou um vídeo que será projectado à noite na fachada do Palácio de S. Bento.
Sendo o espaço que determina a selecção das obras, o percurso da exposição propiciará igualmente uma nova experiência das zonas interiores da AR, nomeadamente do átrio de entrada, da Sala dos Passos Perdidos, do Salão Nobre, da Sala do Senado, dos corredores circundantes da Sala das Sessões ou do Antigo Refeitório dos Frades, por exemplo.
Ainda segundo Serralves, "O Poder da Arte assume, com alguma ironia, esta inesperada "ocupação" pelas obras de arte dos espaços de um dos mais importantes órgãos de soberania da República Portuguesa, assumindo as obras apresentadas múltiplas possibilidades de reflexão sobre o lugar da arte na sociedade contemporânea, assim como sobre a relação entre a arte e o contexto dos vários tipos de poder que a confrontam e que a experiência artística poderá igualmente confrontar, assumindo-se também esta experiência como mais uma manifestação de cidadania".
Este projecto contou com o apoio do presidente da AR, Jaime Gama, e foi definido em articulação com a Comissão dos Assuntos Culturais da Assembleia, presidida pela deputada Matilde Sousa Franco (PS) e que integra Zita Seabra (PSD), Teresa Caeiro (CDS-PP), Luísa Mesquita (PCP), Fernando Rosas (BE) e José Luís Ferreira (Os Verdes).
Durante os três meses de presença em Lisboa, Serralves vai aproveitar para pôr aí à venda os seus produtos, e ainda para realizar uma demonstração da gastronomia de Miguel Castro Silva, o chef do restaurante do MACS.

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