Praça de touros de Espinho pode vir a ser centro de dia

Junta de freguesia espera contar com o apoio da câmara para criar um espaço para idosos e colectividades

A praça de touros continua ao alto na ponta sul da cidade de Espinho. Poderá ser por pouco tempo. Neste momento, existe apenas o edifício redondo de betão, porque, lá dentro, há muito que foi retirada a estrutura de madeira, bancadas e camarotes, por constituírem perigo sobretudo para os mais jovens. A infra-estrutura continua a degradar-se depois de ter deixado de cumprir com a sua verdadeira função, já no século passado. A Junta de Freguesia de Espinho, proprietária do terreno, tem planos para o local que, aliás, foram apresentados nas últimas eleições autárquicas. O novo presidente da autarquia espinhense, Rui Torres, revela que tem "uma ideia muito própria" para o "aproveitamento" do terreno da praça de touros, de modo a "contribuir para o desenvolvimento da freguesia". O autarca explica que a intenção passa "por criar um espaço para um novo centro de dia e centro de convívio para os idosos". E, simultaneamente, "criar um espaço que possa estar ao serviço das colectividades da freguesia", de forma a "desenvolverem as suas actividades", acrescenta.
Para Rui Torres, o projecto tem pernas para andar se conseguir "a colaboração da câmara". "Estamos ainda no início do mandato, mas posso adiantar que irei, muito em breve, agendar com o senhor presidente da câmara uma reunião de trabalho, na qual vou aprofundar e apresentar a ideia que este executivo defende para aquele espaço", refere. "Tenho a certeza de que, em conjunto, iremos encontrar uma solução para que o terreno da praça de touros de Espinho tenha um novo futuro e uma nova utilidade para os espinhenses", confessa.
O autarca realça ainda que é preciso analisar os números financeiros que o projecto implica. "Sei que será fácil projectar a ideia, elaborar uma maqueta e iniciar um concurso para a execução da obra, mas a verdade é que, para que a obra seja uma realidade, será necessário estudar a viabilidade financeira", comenta, a propósito.
Uma das questões mais abordadas, para o reaproveitamento do terreno da praça de touros, entronca na revisão do Plano Director Municipal (PDM). O vice-presidente da Câmara de Espinho, Rolando Sousa, afirma, a propósito, que o PDM "não se vai pronunciar sobre um espaço tão pequeno", salientando, porém, que a praça de touros encontra-se "num terreno urbano", onde, portanto, é permitida a construção. O responsável adianta, por outro lado, que não tem conhecimento dos planos da junta espinhense para o local. Só depois de saber o que vai ser projectado é que a câmara poderá decidir.

Troca por troca António Catarino, ex-presidente da junta espinhense, cargo que ocupou nos últimos 16 anos, explica que a ideia que tinha para a estrutura, caso vencesse as eleições, "era simples e racional". O projecto passava pela demolição da praça e construção de um novo edifício destinado à ocupação dos tempos livres de jovens e idosos. E, como a junta de freguesia não teria dinheiro para investir, era necessário arranjar uma entidade parceira que, para o ex-autarca, poderia ser a própria câmara ou um privado. "A ideia era ter uma parte para negócios e outra para a junta. A intenção não era vender, mas sim haver uma troca por troca", explica.
Catarino lembra que a actual estrutura veio substituir outra praça de touros que existia no local. Na década de 60, a Solverde, empresa proprietária do Casino de Espinho, trazia de Espanha uma estrutura de madeira para ser colocada no interior do espaço circundante, feito de betão. No início dos anos 90, e depois da realização de inúmeras touradas, a Solverde depositava nas mãos da junta de freguesia a praça de touros, já que o terreno era propriedade da autarquia local.
O ex-autarca recorda, por outro lado, que, passado algum tempo, foi "retirada a parte interna, de madeira e ferro", a zona das bancadas, "porque estava a criar perigo para as crianças" que entravam ali para brincar. O local ficou amplo, mantiveram-se apenas as paredes ao alto. Até que, em meados da década de 90, a câmara municipal decidiu ocupar o espaço, mediante um protocolo assinado com a junta, com um parque radical. Esteve a funcionar cerca de dois anos. "A câmara gastou cerca de 30 mil contos [150 mil euros], mas os mais jovens não queriam estar fechados e a população não ia lá ver". O espaço continuou a "deteriorar-se".

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