Dillinger, um dos maiores cadastrados do país, foi extraditado para Portugal

As autoridades judiciais espanholas entregaram, na terça-feira, à Polícia Judiciária (PJ) portuguesa, um dos maiores cadastrados do país. Amadeu Pires Loureiro, diversas vezes condenado em Portugal por crimes de homicídio, roubo, assalto à mão armada e burla e falsificação regressou para cumprir sete anos de prisão, depois de ter cumprido igual pena em Espanha por tráfico de droga e crimes violentos.Conhecido por Dillinger, nome de um dos mais violentos cadastrados norte-americanos do início do século passado, a quem também chamavam "inimigo público número um", Amadeu Pires Loureiro encontra-se actualmente detido na zona prisional anexa à PJ de Lisboa, aguardando ordem para ser remetido para uma cadeia de alta segurança.
Segundo apurou o PÚBLICO, Amadeu Pires Loureiro tem por cumprir, à ordem de um tribunal de Lisboa, sete anos de prisão relativos a assaltos à mão armada.
Para além desta condenação, o homem recentemente extraditado enfrenta ainda diversos outros processos, dos quais podem vir a resultar novas condenações. Um deles corre actualmente no Tribunal de Cascais (onde o suspeito tem vindo a prestar declarações nos dois últimos dias) e dele constam indícios que o apontam como autor de mais de três dezenas de burlas.
Dillinger é considerado nos meios policiais como um dos "ladrões honestos", designação dada, nas décadas de 70 e 80, aos criminosos que, apesar de muito violentos, mantinham determinadas regras de conduta, tais como nunca praticar delitos que pudessem colocar em perigo crianças ou não confessar à polícia nada que pudesse incriminar companheiros de crime.

O homem que disparava duas pistolas Uma outra regra pela qual se regia o mesmo grupo, então sediado na área do Bairro da Liberdade, próximo de Campolide, em Lisboa, era a de não se envolver em negócios de droga. Dillinger, que empunhava e disparava duas pistolas em simultâneo, tal como alguns dos antigos companheiros de crime, acabou por quebrar esse compromisso, tendo-lhe sido anotadas movimentações por diversos países europeus, supostamente para tratar de assuntos relacionados com o narcotráfico.
Entre as muitas condenações que regista, Amadeu Loureiro anota uma bem singular: a de ter baleado um companheiro de crime, num café, após uma discussão em torno de quem teria praticado mais roubos. O homem atingido (na coluna), também ele com uma vasta lista de condenações, vive hoje amarrado a uma cadeira de rodas.
Na folha de cadastro do homem agora devolvido à justiça portuguesa consta ainda a participação na grande evasão (mais de 60 reclusos) ocorrida em 1978 no Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus. Nessa ocasião, aqueles que eram considerados como os mais perigosos delinquentes conseguiram fugir da única prisão de alta segurança do país, depois de terem escavado um túnel com dezenas de metros de comprimento.

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