Fundadora da revista Burda morreu aos 96 anos

Aenne Burda transformou pequena editora de moda
num poderoso grupo de publicações

A Alemanha chamou-lhe "rainha da moda". A revista com o seu nome fez as delícias de milhões de mulheres em todo o mundo e transformou-a numa verdadeira magnata da imprensa no pós-guerra. "O meu objectivo é vender uma moda prática e a um preço acessível para o maior número de pessoas", explicou um dia. Aenne Burda morreu na madrugada de ontem, aos 96 anos, em Offenburg, na Alemanha, a sua terra natal. Nascida a 28 de Julho de 1909, Anne Lemminger, o seu nome de solteira, esperou até aos 40 anos antes de se lançar no mundo dos negócios. Em 1949 comprou uma pequena sociedade de edição de moda que, com o marido, o editor e gráfico Franz Burda, acabou por transformar num poderoso grupo de publicações especializadas, que dirigiu durante 45 anos.
Aenne Burda foi uma das raras mulheres a fazer parte do "milagre económico alemão" nos anos do pós-guerra. No início, a empresa não tinha mais do que 48 empregados. Hoje, o grupo Burda emprega mais de sete mil pessoas e possui 241 títulos, entre os quais 186 no estrangeiro. O seu volume de negócios anual ronda os 1,5 mil milhões de euros, segundo a agência AFP.
A Burda Moden foi lançada em 1950, numa altura em que a Alemanha se recompunha das mazelas da Segunda Guerra Mundial. A revista, que deu espaço a muitos estilistas e costureiros não só da Alemanha e da Europa, mas de todo o mundo, é actualmente publicada em 89 países, em 16 línguas.
As criações editoriais de Aenne Burda, que também tiveram leitoras em Portugal, não se ficaram pela moda: lançou também a Burda Internacional e a Burda Cozinha, para além de cadernos sobre decoração de interiores, bricolage, tricot e crochet.
Em 1987, Burda foi notícia em todo mundo quando lançou a sua revista no que era ainda a União Soviética, faltavam dois anos para cair o Muro de Berlim. "Fez mais do que três embaixadores" em Moscovo, disse-lhe um antigo chefe da diplomacia alemã, Hans-Dietrich Genscher.
No início dos anos 90, Burda cedeu a empresa aos três filhos. O mais novo, Hubert, comprou em 1994 as quotas dos dois irmãos e é ele que hoje dirige o império. Entre os títulos mais conhecidos do grupo estão a revista de informação geral Focus e a revista "de mexericos" Bunte.

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