Danças do Butão trazem mais Oriente à Casa da Música

Não é muito fácil entrar no Butão - o país abriu-se ao turismo em 1974 mas mantém uma política de vistos particularmente restritiva para reduzir ao mínimo a exposição da sua cultura singular e rigorosamente budista à predação ocidental. Para a Royal Academy of Performing Arts do Butão, porém, tem sido relativamente fácil sair de lá: a companhia, criada em 1954 pelo rei Jigme Dorji Wangchuck justamente para assegurar a preservação do património folclórico do país, começou a fazer digressões em 1976. Estreia-se hoje em Portugal, com uma actuação na Casa da Música (21h00). Produzido pelo francês Alain Weber, o espectáculo é uma amostra do secular repertório performativo do Butão, indissociável dos rituais religiosos budistas. Em palco estarão, de resto, 12 monges - mas também 13 bailarinos leigos e uma orquestra em que predominam os címbalos, os trompetes, os tambores, as cornetas, os sinos e os oboés. Do programa constam formas clássicas como o chham e o zhadbro - danças de máscaras com origem no século VIII e tradicionalmente executadas nos mosteiros durante o Tsechu, o festival anual - e formas folclóricas pagãs como a zhungdra e a boedra, que datam, na sua grande maioria, do reinado de Zhabdrung Ngawang" Namgyal (1594-1652), o monarca que unificou o Butão.
As danças de máscaras do Butão, um património que está em vias de classificação pela UNESCO, são uma prática com profunda relevância social num país cuja religião oficial é o budismo. Para os butaneses, as danças constituem uma experiência sensorial que contribui para a libertação das prisões terrenas.

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