Forum Viseu recebeu um milhão de visitantes no primeiro mês

Associação de Comerciantes de Viseu reclama elevados prejuízos no comércio tradicional

Pouco mais de um mês depois de ter aberto ao público, o Forum Viseu, por enquanto o maior centro comercial da cidade, já recebeu um milhão de visitantes. Um número acima das previsões da empresa promotora, a multinacional holandesa AM Development, já que os estudos que antecederam a abertura da superfície comercial apontavam para uma afluência anual de cinco a seis milhões de visitantes. "Desde o dia 14 de Setembro, temos contabilizados cerca de um milhão de visitantes. É um número acima das nossas expectativas. No entanto, o factor novidade pode reflectir-se neste número", explica o director da multinacional para o Centro, Fernando Silveira.O Forum Viseu representa um investimento que ronda os 65 milhões de euros. Das 81 lojas, 31 são de comerciantes locais, instalados através de franchising das suas próprias insígnias. O número de visitantes contrasta com a "quebra de vendas na ordem dos 30 por cento" registada no pequeno comércio, prejuízos reclamados pela Associação de Comerciantes do distrito de Viseu. O presidente da associação, Gualter Mirandês, defende que a abertura desta grande superfície veio agudizar o estado do comércio tradicional.
"Não é novidade aquilo que está a acontecer. Sabíamos qual o impacte que o Forum Viseu teria a curto prazo. Traduz-se, neste momento, em quebras de vendas na ordem dos 30 por cento. O problema que se põe é que a estes 30 por cento acresce um processo negativista que tem havido no pequeno comércio durante os últimos anos. Assim, se acrescentarmos a estes 30 por cento as quebras de vendas que se registaram nos últimos dois anos já bastante acentuadas, o processo é muito mais dramático com a chegada do Forum. Se efectivamente esse comércio já estava mal e esse estado é transversal a todo o país, a abertura do Forum veio acelerar muito mais o processo", refere Gualter Mirandês.
A quebra é notada na própria afluência de transeuntes ao centro histórico. "É natural, porque quando se excede - e de que maneira - a oferta em relação à procura, é perfeitamente natural que isso aconteça. Estamos numa fase muito complicada", enfatiza. No último ano e meio, esta associação promoveu, nomeadamente, no Verão, várias iniciativas de animação do comércio tradicional. "É evidente que sabíamos que o impacte do Forum iria talvez transformar isto em pouco", considera o presidente da Associação Comercial, acrescentando que é preciso continuar a trabalhar.

Comerciantes preparam estratégias
Embora considere que a expansão e o impacte das grandes superfícies no comércio tradicional são "irreversíveis", para atenuar, esta entidade está já a trabalhar em conjunto com outras instituições na definição de algumas estratégias. Por enquanto, Gualter Mirandês prefere não adiantar pormenores dessa aposta e dispara críticas à lei de licenciamento comercial, que veio "desvirtuar o licenciamento destas grandes superfícies"
O primeiro mês de actividade do Forum parece, no entanto, contrastar com esta realidade. Para o director da AM Development para o Centro, Fernando Silveira, o balanço "é positivo". "Os nossos lojistas estão satisfeitos, a afluência começa a fazer-se mais ao fim-de-semana, encaixando-se no tráfego mais típico. Está dentro das expectativas, sabíamos que Viseu era uma cidade em que a apetência por este Forum seria muito grande, dada a falta deste género de infra-estruturas. Na nossa opinião, o Forum Viseu é um sucesso", considera.
Quanto ao impacte deste centro comercial no pequenos comércio, Fernando Silveira admite que "na fase de abertura tenha havido um receio por parte do comércio local", para contrapor: "Mas estamos certos que o Forum tem atraído mais visitantes à cidade de Viseu, mais tráfego, o que terá beneficiado o próprio comércio local, onde este maior afluxo de visitantes se fará sentir".
Integrado na área de intervenção do programa Polis, junto ao recinto do Campo de Viriato, na margem sul do rio Pavia, o Fórum Viseu (com 19 mil metros quadrados), é constituído por dois edifícios independentes, ligados por pontes móveis pedonais, perpendiculares à Rua de José da Cruz Moreira Pinto. Além da zona comercial, agrega uma área destinada à habitação.

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