CP troca comboios por autocarros para servir Marvão e Castelo de Vide

Decisão estava tomada para 17 de Outubro, mas empresa diz que vai negociar com autarquias. Em geral a substituição por autocarros é o primeiro passo para o fim das ligações garantidas pela CP

A CP está a estudar com a Rodoviária do Alentejo a criação de um serviço rodoviário no ramal de Cáceres em substituição da exploração ferroviária, por esta ser demasiado cara.Segundo a empresa, apesar da melhoria do material circulante, com a entrada em circulação das automotoras remodeladas, dotadas de ar condicionado, "não se registou qualquer aumento da procura, mantendo-se o nível de utilização de dez pessoas por comboio".
A CP diz que os custos de exploração naquela linha situam-se nos 620.000 euros por ano para uma receita de apenas 7.500 euros/ano.
O ramal de Cáceres liga Torre das Vargens (no concelho de Ponte de Sor) à estação fronteiriça de Marvão-Beirã, servindo ainda Castelo de Vide e os apeadeiros de Cunheira e Vale do Peso. Duas automotoras em cada sentido asseguram diariamente o serviço regional demorando uma hora a percorrer os 65 quilómetros daquela linha.
A CP tinha previsto substituir o serviço ferroviário a 17 de Outubro, mas, em resposta às perguntas que lhe foram dirigidas pelo PÚBLICO, garantiu, por correio electrónico, que "não se prevê, de modo algum, que o serviço termine nessa data, dado que é intenção da empresa discutir o assunto previamente com as autarquias, às quais já foi comunicada a intenção de analisar em conjunto este tema".
Esta informação é desmentida pela Câmara de Marvão, cujo presidente, Manuel Bogalho, recebeu um ofício da CP a informar que o serviço rodoviário substituiria os comboios a partir de 17 de Outubro.
A decisão não agradou a este autarca nem ao seu colega de Castelo de Vide, que já terão feito saber à CP a sua oposição à substituição dos comboios por autocarros.
Em Janeiro deste ano a transportadora ferroviária acabou também com as velhas automotoras que circulavam na linha de Setil a Vendas Novas, substituindo-as por um autocarro, no que, afirmou, se traduziu numa economia de custos de 485 mil euros por ano.
Nesta linha, porém, as Câmaras de Coruche, Salvaterra e Cartaxo têm pedido à CP para inaugurar um serviço de comboios directos de Coruche a Lisboa, estando, inclusivamente, dispostas a financiar a sua exploração, mas a empresa tem arrastado o assunto e não responde.
Historicamente, sempre que a CP muda dos comboios para os autocarros, a longo prazo acaba também por abandonar esse serviço, argumentando que não é essa a sua vocação. Foi o que aconteceu nas linhas do Sabor, Tua, Corgo e Dão e nos ramais que ligavam Évora a Vila Viçosa, Mora, Reguengos e Portalegre.

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