Descobertos na China dois novos fósseis de pterossauros só conhecidos na Europa

Achado permite compreender melhor a relação entre pterossauros e aves

Dois novos pterossauros com 120 milhões de anos, descobertos no Nordeste da China, fornecem novas informações não só sobre esta extensa família de répteis voadores, mas também sobre as interacções com os animais que, muito provavelmente, os levaram à extinção: as aves.A família Pterossauria voou na Terra desde o Triássico até ao final do Cretácico, entre há 228 e 65 milhões de anos. Os pterossauros provavelmente teriam sangue quente, uma vez que o esforço de voo implica um metabolismo elevado, como o das aves e morcegos. No entanto, não estavam cobertos por penas e sim por um tipo de pêlo, que os cientistas ainda não perceberam se será mais semelhante à cobertura dos mamíferos ou às penas das aves.
As aves, aliás, descendem de um ramo distinto dos pterossauros e estes não são considerados dinossauros pela maioria dos paleontólogos. Entre os 60 géneros já identificados, o comprimento das asas vai desde o de uma pequena ave até 18 metros. Os fósseis agora identificados eram relativamente pequenos.
O fóssil de um crânio de Feilongus youngi (feilong quer dizer dragão voador) foi descoberto na formação de Yixian. Tem 39 centímetros de comprimento e mandíbula.
Num artigo na revista Nature, a equipa coordenada por Alexandre Kellner, do Museu Nacional do Rio de Janeiro, diz que a ausência de fusão completa entre os elementos cranianos indica que seria jovem. Características como um maxilar superior dez por cento mais longo que o inferior permitem identificá-lo como uma espécie nova, com uma envergadura de asa de pouco mais de dois metros.
Novo é também o Nurhachius ignaciobritoi (Nurhachi foi o fundador da Dinastia Ching), um fóssil mais completo, oriundo da formação Jiunfontang, ao qual faltam apenas algumas vértebras cervicais e costelas, a cauda e o final das asas. Este espécime teria 2,5 metros de envergadura de asa.
Curiosamente, apesar de alguns dos pterossauros descobertos nesta região chinesa mostrarem parentesco mais próximo a fósseis da formação de Santana, no Brasil, o Feilongus e o Nurhachius são mais aparentados com grupos de pterossauros até agora só descobertos na Europa.
Incrível é também terem sido encontrados nesta região do interior, quando a maioria dos fósseis desta família têm sido encontrados em regiões que foram costeiras ou próximas de água. Mas quer na formação Yixian quer na Jiunfontang, os fósseis de aves ultrapassam largamente em número os de pterossauros (100 para 40 fósseis).
Esta discrepância parece suportar a teoria de que o interior começou no Cretácico a ser cada vez mais o domínio das aves, enquanto os pterossauros ficaram confinados às orlas costeiras, antes da sua extinção.

Sugerir correcção