Polis da Covilhã investiu apenas metade dos 54 milhões de euros previstos

Das obras que encontraram dotação financeira para avançar, 85 por cento estão já executadas. Na prática, resta apenas o Parque da Goldra, que está em construção

Quatro anos depois de ter sido instalado o relógio na cidade, o programa Polis da Covilhã, que já viu a contagem decrescente alcançar o zero, está prestes a chegar ao fim, tendo sido executado, de acordo com dados avançados pela autarquia, 85 por cento das obras que a cidade serrana pôde erguer. A construção do parque da Goldra, entre a Universidade e a zona de Mártir-in-Colo, que está em curso, é a única que falta concluir e estará pronta no primeiro trimestre do próximo ano. Feitas as contas, foram gastos apenas 27 milhões e meio de euros dos 54 milhões inicialmente previsto.Para o presidente da Câmara Municipal da Covilhã, Carlos Pinto, o Polis Covilhã "é exemplar" no que toca a questão financeira, uma vez que aquilo que foi possível executar foi gerido "com pouquíssimos custos e despesas correntes, do ponto de vista logístico e de gestão". "Nós não pagámos aqui ordenados de mil contos, nem de 500, 400 e nem mesmo de 300", nota, ao referir que se tratou de uma gestão "paticamente com a prata da casa". "Poupámos cerca de meio milhão de contos", sublinha. Numa fase inicial, o Polis covilhanense apontava para perto de 54 milhões de euros.
No entender do autarca, o programa de reabilitação urbana para a cidade serrana é ainda "exemplar" no que respeita a calendarização, visto que, refere, "há Polis que estão ainda nesta altura a expropriar e a planear". "Existe apenas uma obra que desliza", nota o presidente da Câmara Municipal da Covilhã, Carlos Pinto, ao referir-se ao Parque da Goldra, que é o único empreendimento do programa Polis que não vai respeitar a calendarização e só vai ficar concluído "lá para Fevereiro ou Março do próximo ano".
Este parque, que vai estender-se desde as imediações da Universidade até ao jardim de Mártir-in-Colo - o que, com este jardim, significa uma área de lazer e de zonas verdes de cinco hectares -, só não estará pronto em 2005 porque "é uma obra complexa, praticamente dentro da cidade, e tivemos de negociar com 40 e tal famílias", explica Carlos Pinto. Destas 40, mais de metade tiveram de ser realojadas e "havia pessoas que moravam ali há 40 e 50 anos", refere o autarca, ao salientar que houve então "um trabalho duro de negociações".
Nestes quatro anos, a Covilhã conseguiu proceder à reabilitação urbana do espaço compreendido entre as ribeiras da Goldra e da Carpinteira, bem como à requalificação das suas margens e das zonas envolventes, que era o seu principal objectivo. Das obras que foram executadas, contam-se os trabalhos de despoluição das ribeiras, a rotunda da Ponte do Rato - que veio resolver um nó viário problemático junto à Universidade -, o Jardim do Lago, o arranjo urbanístico da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, o jardim do Rodrigo e ainda o do Mártir-in-Colo. Estas acabaram por ser as obras mais visíveis do programa de reabilitação urbana, com o Jardim do Lago a assumir-se como o ex-líbris destes quatros anos de intervenções ao nível urbanístico. Só o parque da Goldra, que vai criar percursos pedonais até à zona Mártir-in-Colo, área de restaurantes e bares, parques infantis e juvenis, poderá eventualmente tirar o título ao Jardim do Lago.
Se, no que toca aos arranjos urbanísticos e às zonas verdes, o programa Polis da Covilhã foi bem sucedido, já quanto ao plano de mobilidade, que previa meios mecânicos, elevadores, um teleférico e pontes pedonais de atravessamento da Goldra e Carpinteira, tudo ficou por fazer. "Só não fizemos mais por falta de recursos", afirma Carlos Pinto, ao salientar que todas as obras que o Governo autorizou foram feitas. "Se não fizemos mais foi por culpa do Governo e o do PS foi o que deu a decisão final sobre o Polis", sublinha o autarca, para quem, já referiu por várias vezes, a cidade "precisaria de um segundo Polis". Com um segundo programa de reabilitação urbana, o plano de mobilidade previsto na fase inicial seria executado, conseguindo a Covilhã vencer barreiras no que toca aos acentuados declives da cidade. Estavam previstas duas pontes de grandes dimensões, uma sobre a ribeira da Goldra e outra sobre a da Carpinteira, escadas mecânicas e elevadores entre a Rua do Marquês de Ávila e Bolama e o mercado municipal, com projecto do arquitecto de Nuno Teotónio Pereira, e ainda um teleférico, que teria como ponto de partida a zona baixa da cidade, junto à estação, que ficaria ligado ao Largo de São João de Malta, na zona central.
O presidente da câmara municipal lamenta que este plano não tenha tido dotação financeira para avançar, mas frisa que a autarquia ficou com "uma carteira de projectos que podem avançar logo que haja disponibilidade, seja comunitária ou seja outra fonte". Nessa carteira de projectos, estão ainda a reabilitação da Rua da Saudade, a ligação entre a Barroca do Lobo ao pólo universitário Ernesto Cruz e também a ligação entre a Rua do Rodrigo e o eixo TCT (Teixoso-Canhoso-Tortosendo), entre outros.

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