CDU defende abandono do projecto da "Nova Valongo"

Em lugar de operação urbanística "megalómana", comunistas propõem a criação de uma
zona verde

O candidato da CDU à presidência da Câmara de Valongo, Lino Soares, defendeu ontem o "abandono da operação urbanística megalómana" designada como "Nova Valongo", um projecto de crescimento da cidade proposto pela actual autarquia. O comunista propõe que o plano, já parcialmente executado, seja corrigido e que se substitua o betão pela criação de uma área verde. Esta foi uma das cinco medidas apresentadas pela CDU, que considerou as áreas de ambiente, ordenamento do território e desenvolvimento sustentável como prioritárias para o concelho.A sugestão de uma mudança de objectivos na concretização da "Nova Valongo" partiu do facto de esta área ter sido uma das atingidas pelos recentes fogos que devastaram hectares de floresta no concelho. "Os incêndios florestais que recentemente atingiram o concelho de Valongo, afectando áreas nas zonas de Outrela, Lagoela, Suzão e Quinta da Lousa (incluindo a envolvente da nova Biblioteca Municipal), tornam mais premente do que nunca a reflexão acerca da problemática do ordenamento do território e da situação florestal e ambiental do concelho", justificou Lino Soares, considerando que existem "graves lacunas" nestes domínios. Desta forma, entre outras medidas, a CDU realça a necessidade de uma maior vigilância nas áreas de floresta do concelho, considerando que esta medida ajudaria a minimizar os efeitos devastadores dos fogos registados este ano. "É preciso fortalecer os laços entre as pessoas e as autarquias, as juntas de freguesia e a câmara, para que todos colaborem na defesa da floresta", argumentou. Lino Soares fez questão de reclamar ainda a reflorestação dos hectares ardidos e de todas as áreas em processo de desflorestação, numa acção coordenada com o Instituto de Conservação da Natureza, a Universidade do Porto, as associações de defesa do ambiente e outras entidades. A CDU defende ainda a criação de "um sistema de monitorização do ambiente e qualidade de vida e a constituição de um novo plano estratégico capaz de actualizar o diagnóstico da situação das áreas florestais do concelho, no sentido da sua preservação e alargamento e de forma a coordenar recursos no combate aos incêndios". Paralelamente, os comunistas insistem na criação do Parque Natural das Serras de Santa Justa, Pias, Castiçal, Flores e Banjas, que há já quase uma década é reivindicada em sucessivos projectos de lei apresentados pelo PCP na Assembleia da República.
Outra das medidas propostas por Lino Soares é a obrigatoriedade de uma avaliação criteriosa das licenças de construção a emitir pela câmara municipal como arma de combate à "especulação imobiliária" e de maneira a que se privilegie a criação de áreas verdes e espaços de lazer.
Aliás, o candidato aproveitou ainda para criticar a "notória incapacidade do executivo camarário liderado por Fernando Melo para planear e gerir o território e as áreas verdes, frequentemente deixadas ao abandono ou destruídas para dar lugar a operações imobiliárias". Lino Soares usou o argumento para a criação de uma "vasta área de lazer" no local designado como "Nova Valongo", um projecto da actual autarquia que classificou como "um fracasso". Nestes terrenos, actualmente ocupados pela nova e isolada biblioteca municipal, a CDU gostaria ainda de ver instalado um "sistema eficiente de transportes e acessibilidades" que servisse não só este equipamento como as futuras instalações do tribunal e câmara municipal, que também estão previstos no plano da actual autarquia. Para o sítio onde Fernando Melo quer ver nascer mais um pedaço de cidade, Lino Soares prefere zonas verdes, admitindo ainda a instalação de "equipamentos desportivos e culturais, centro de interpretação e formação ambiental e pólo tecnológico", entre outros serviços à comunidade. Tudo para, alega o candidato da CDU, conseguir "uma "Nova Valongo" realmente nova e não como a de sempre, a dos prédios e do betão".

Sugerir correcção