Sendero ameaça com guerra civil no Peru

O novo líder do Sendero Luminoso, Júlio Flores, também conhecido por "camarada Artemio", avisou o Governo do Presidente Alejandro Toledo de que o seu movimento maoísta pode relançar a guerra civil no Peru. "Vamos continuar com acções de força usando quatro tipos de luta armada: agitação e propaganda, combate de guerrilha, sabotagem e aniquilação selectiva", afirmou o sucessor de Abimael Gúzman numa entrevista ao jornal peruano La Republica.Artemio assumiu recentemente a liderança do Sendero Luminoso e criou um novo ramo político-militar com recursos logísticos supostamente provenientes dos lucros do tráfico de droga. O objectivo será recomeçar a insurreição e reactivar o movimento que desde 1992 esteve relativamente adormecido.
"A capacidade do Sendero de abalar a estabilidade no Peru, com actos de sabotagem política e atentados mortíferos, é uma realidade", confirmou ao La Republica o coronel Benedito Jimenez Baça, especialista em luta antiterrorista das Forças Armadas peruanas.
Relatórios, citados pela BBC, sugerem que o Sendero está mais armado e melhor organizado. A diminuição de medidas de segurança por parte do Governo de Toledo permitiram que a guerrilha recuperasse força e recrutasse militantes por estes beneficiarem de uma maior liberdade de movimento. O grupo assumiu responsabilidade por uma série de ataques iniciados em Junho de 2003 que mataram um juiz e cinco civis, sequestraram 71 outras pessoas e fizeram cair um helicóptero de apoio aos esforços militares para erradicar a produção de coca,
A base operacional do Sendero situa-se no vale de Huallaga, na região amazónica do Nordeste do Peru, uma das zonas mais importantes na produção de cocaína do país. A seguir à Colômbia, o Peru é considerado segundo maior produtor de coca do mundo.
O Sendero Luminoso começou por ser visto como um movimento reformista, no início de 1980, visando criar uma nova ordem social. Foi considerado o grupo insurrecto mais poderoso da América do Sul, com 10 mil membros. Foi também dos mais cruéis - entre 1980 e 2000 travou uma guerra civil que matou 70 mil pessoas.
Desde que Gúzman, fundador do Sendero, foi capturado em 1992, o movimento dividiu-se entre rebeldes que aceitaram o apelo do líder histórico a um acordo de paz e dissidentes que juraram continuar a luta armada. Em 1994, 6 mil guerrilheiros entregaram-se às autoridades no âmbito de um programa de amnistia. Cristina Roque

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