Bilhete de Cesare Pavese revelado 55 anos depois do seu suicídio

Manuscrito resume
por completo a vida
do escritor

Um inédito do poeta e romancista italiano Cesare Pavese (1908-1950), encontrado no quarto de hotel em que se suicidou, acaba de ser tornado público, noticiou anteontem o diário italiano La Reppublica. Cinquenta e cinco anos depois da morte do autor de Trabalhar Cansa e O Vício Absurdo, um dos intelectuais italianos que mais lutaram contra o fascismo, o bilhete encontrado entre as páginas do seu Dialoghi con Leucò (publicado no Brasil pela Cosac & Nify, Diálogos com Leucó), o livro que tinha sobre a mesa-de-cabeceira, "resume por completo o balanço da sua vida", disse ao La Reppublica Franco Vaccaneo, director do centro de estudos de Cesare Pavese.
O texto resume-se a três frases, escritas a lápis no verso de uma lista de requisições de biblioteca. Duas foram retiradas de obras publicadas - "O homem mortal, Leuco, nada tem de imortal a não ser a memória que traz e a memória que deixa" (Dialoghi con Leucò), "Trabalhei, dei poesia aos homens e partilhei as mágoas de muitos" (O Ofício de Viver) -, a outra não foi encontrada em nenhum dos seus livros e parece nascer do desespero associado ao seu suicídio: "Andei à minha procura".
Militante comunista, Cesare Pavese foi condenado ao exílio nos anos 30 pelo governo de Mussolini. O bilhete do autor de poemas como Virá a Morte e Terá os Teus Olhos foi entregue ao centro de estudos de Pavese pela sua irmã, em 1980. "É uma espécie de testamento, uma mensagem mais do que profética para um homem à beira do suicídio", concluiu Vaccaneo, que decidiu divulgá-la para marcar os 55 anos da morte do escritor.

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