Argentina assume culpas no atentado contra a AMIA

O Estado argentino assumiu formalmente que não trabalhou o suficiente para prevenir o atentado contra a Associação Mutualista Israelita Argentina (AMIA) há quase 11 anos ou descobrir os seus autores. O mea culpa foi formalizado mesmo por um decreto do Presidente Néstor Kirchner, onde se promete que o caso não está encerrado.A lei reconhece que as autoridades falharam no que respeita às garantias judiciais e à tutela judicial efectiva dos direitos violados, os direitos à vida e à integridade física, prometendo no entanto a "recuperação da verdade" e a promoção de uma lei de reparação às vítimas do ataque, que ocorreu pouco mais de dois anos depois do que destruiu a embaixada israelita. No intervalo, pouco ou nada foi feito.
No dia 18 de Julho de 1994, uma formidável explosão destruiu o edifício da Associação Mutualista Israelita Argentina em Buenos Aires. O atentado provocou 85 mortos e cerca de 300 feridos, e aumentou a sensação de insegurança da comunidade judaica na Argentina e no mundo.
Dois anos antes, no dia 17 de Março de 1992, um atentado semelhante destruíra a representação israelita na cidade, matara 29 pessoas e ferira duas centenas e meia. Mas a tragédia não foi seguida de medidas de segurança especiais nem da investigação oportuna, o que terá facilitado o ataque à AMIA.
O decreto argentino deveu-se a pressões da organização que junta os familiares das vítimas dos dois ataques, a Memória Activa, o Centro de Estudos Legais e Sociais e o Centro de Justiça e de Direito Internacional, junto da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Numa reunião, em Março, a CIDH encontrou uma solução amistosa para levar as autoridades argentinas a reconhecerem as suas falhas.
"Esta é a única possibilidade que nos resta de encontrar a verdade", disse Diana Malamud, porta-voz da Memória Activa, segundo a qual houve "encobrimento dos factos e incumprimento grave da função de investigação".
A Argentina, Israel e os Estados Unidos apontaram ao longo dos últimos anos o dedo ao Irão, que negou sempre e com veemência o seu envolvimento nos atentados.
Sobre o que tenciona fazer, o Governo de Kirchner propõe-se legislar para tornar mais céleres as investigações e os processos judiciais, e, no que respeita às vítimas (feridos) ou os familiares dos mortos, conceder-lhes indemnizações. Fernando Sousa

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