Pina Manique, um amigo de Lisboa, morreu há 200 anos

"Pretendemos mostrar ao grande público uma visão multifacetada da figura de Pina Manique, que fuja ao cliché do senso comum que o conhece pela repressão aos ideais da Revolução Francesa e pela fundação da Casa Pia", diz Adérito Tavares, comissário da exposição Pina Manique, o Político, o Amigo de Lisboa, que ontem se inaugurou no Centro Cultural Casapiano, na Rua dos Jerónimos, em Lisboa. A exposição, que assinala o bicentenário da morte do estadista, está dividida em três grandes núcleos: percurso biográfico, Pina Manique e a cidade de Lisboa e Pina Manique e a Casa Pia. Diogo Inácio de Pina Manique foi braço-direito do marquês de Pombal. Com a subida ao poder de D. Maria, não caiu em desgraça como o seu mentor, chegando a cargos elevados na hierarquia da época. Enquanto intendente-geral da Polícia, notabilizou-se por combater o crime com mão-de-ferro e por perseguir a maçonaria ou qualquer organização que pretendesse trazer para Portugal ideias revolucionárias. "Era um conservador, um contra-revolucionário, mas, ao mesmo tempo, moderno e culturalmente progressista", defende Adérito Tavares. Foi dele o primeiro sistema de iluminação pública em Lisboa, assim como os primeiros planos para a construção de cemitérios - uma vontade que, se tivesse sido atendida na altura, teria feito dele um pioneiro no mundo -, e participou activamente na fundação do Teatro de S. Carlos. Para o comissário da exposição, Pina Manique inspira-se em Rousseau na sua lógica de impedir o crime antes de o reprimir. A fundação da Casa Pia é representativa disso mesmo: tirar as crianças vagabundas das ruas da Lisboa do pós-terramoto para delas fazer homens úteis ao país. Ironicamente, para a elaboração do primeiro plano de estudos da escola, chamou um mação, José Anastácio Cunha. "Era um homem de contradições", conclui João Louro, responsável pelo centro cultural. João Lameira

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