O Teatro Capitólio, um dos primeiros edifícios do Movimento Moderno em Portugal, foi incluído na lista dos cem monumentos mais ameaçados do mundo. O imóvel, classificado de interesse público, encontra-se abandonado e sob ameaça de demolição pelo projecto de Frank Gehry para o Parque Mayer.Segundo anunciou ontem o grupo Cidadãos pelo Capitólio, o teatro projectado pelo arquitecto Luís Cristino da Silva (1896-1976) foi seleccionado para a lista World Monuments Watch - 100 Most Endangered Sites, relativa a 2006, divulgada terça-feira em Nova Iorque pela World Monuments Fund (WMF).
A lista é escolhida cada dois anos por um painel de peritos mundiais, entre os quais da UNESCO. A WMF é uma organização não-governamental dedicada à preservação de lugares com valor histórico e cultural.
Para Fernando Jorge, do grupo criado há dois anos com o objectivo de salvaguardar o teatro, a inclusão na lista "é uma chamada de atenção e significa que os portugueses não estão a tomar conta do seu património moderno do século XX". O arquitecto salienta que este ano passam 80 anos sobre a altura em que Cristino da Silva começou a projectar o espaço cultural, inaugurado em 1931. O imóvel juntava teatro, music-hall e cinema, combinando um grande salão com um terraço para espectáculos ao ar livre. O grupo defende que, apesar da degradação, o edifício seja recuperado para actividades culturais.
Apesar de classificado como imóvel de interesse público, o antigo teatro corre o risco de ser demolido se for por diante o projecto de Frank Gehry para o Parque Mayer. Isso mesmo foi confirmado recentemente pela vereadora do Licenciamento Urbanístico, Eduarda Napoleão, quando admitiu que este exemplar da arquitectura moderna "devia ter sido preservado", mas que é "praticamente impossível mantê-lo" segundo estudos do LNEC.
Apesar dos contactos, não foi ontem possível obter um comentário da autarca sobre a inclusão do Capitólio numa lista que inclui, além de imóveis ameaçados no Bangladesh, Cabo Verde, Mauritânia e Serra Leoa, um país inteiro com "a herança cultural em risco": o Iraque. Luís Filipe Sebastião