Timor-Leste emociona Cristiano Ronaldo

Futebolista português recebido como um rei naquele país. Xanana Gusmão declarou-se "rejuvenescido"

Cristiano Ronaldo foi ontem recebido em Díli, capital de Timor-Leste, como uma estrela planetária. Mais de 20 mil pessoas acotovelaram-se no estádio municipal daquela cidade timorense para o ver, para lhe "roubar" um autográfo, um sorriso, uma palavra. Foi uma recepção calorosa, digna de um rei. O jogador emocionou-se. Este foi o ponto mais alto da sua curta estada no país, que arrastou atrás de si milhares de pessoas durante as cinco horas em que pisou solo dantiga colónia portuguesa.Os primeiros sinais de entusiasmo foram demonstrados logo à chegada ao Aeroporto Internacional de Díli, com dezenas de pessoas a invadirem a pista e a rodearem Cristiano Ronaldo. A saída da caravana automóvel do aeroporto, em direcção à casa do primeiro-ministro Mari Alkatiri - que antecipou, de propósito, o seu regresso a Díli em um dia, após uma visita de trabalho à Austrália - , foi acompanhada de ruidosos vivas ao jogador e a Portugal, com muitas camisolas da selecção nacional de futebol e bandeiras portugueses a darem o tom verde-rubro à festa.
Depois do encontro em casa de Mari Alkatiri, que recebeu de Cristiano Ronaldo uma camisola autografada, e em que este foi presenteado com uma casa tradicional timorense em prata, levantou-se o problema de como fazer chegar o futebolista português, incólume, ao local em que seria assinado o Memorando de Cooperação nas áreas da juventude e do desporto, entre os governos português, representado pelo secretário de Estado da Juventude e Desporto de Portugal, Laurentino Dias, e timorense. A solução mais prática foi percorrer a curta distância a pé, com Mari Alkatiri a ajudar na formação do cordão de segurança à volta de Cristiano Ronaldo.
O crescendo de entusiasmo culminou no Palácio das Cinzas, onde o presidente Xanana Gusmão recebeu Cristiano Ronaldo, e centenas de pessoas quase furavam o esquema de segurança montado, que todavia foi infrutífero para impedir alguns poucos populares de entrarem na área dos gabinetes de trabalho da Presidência da República, em busca de uma foto, um autógrafo ou apenas verem o ídolo de perto. Xanana Gusmão ofereceu uma pintura a Cristiano Ronaldo, que retribuiu com uma camisola autografada.

Xanana funcionou como "livre-trânsito"
A anulação do último ponto do programa, a deslocação ao Estádio Municipal de Díli, chegou a ser equacionada, mas optou-se por se manter, embora com alterações. A entrada no estádio foi feita na companhia do presidente Xanana Gusmão, que funcionou como um "livre-trânsito" que ajudou a vencer a barreira formada por centenas de pessoas aglomeradas junto ao portão de acesso à bancada, enquanto no interior mais de 20 mil pessoas gritavam o seu nome. Na curta intervenção que se seguiu, Xanana Gusmão apelou aos jovens timorenses a que se revejam no exemplo de Cristiano Ronaldo, que disse ser, enquanto futebolista, diferente dos timorenses. "Este não é como os nossos futebolistas, que bebem vinho e depois vão dormir", afirmou Xanana. Cristiano Ronaldo agradeceu e prometeu continuar a trabalhar para merecer a simpatia e apoio dos timorenses.
Pouco antes, no Palácio das Cinzas, depois de ter sido recebido por Xanana Gusmão, na única ocasião em que os jornalistas puderam colocar algumas perguntas ao jogador, este garantiu que "não iria esquecer nunca este dia".
"Ter sido recebido com tanta euforia por este povo é muito especial", acrescentou. Xanana Gusmão, um fervoroso adepto do futebol, confessou sentir-se "rejuvenescido" com a visita de Ronaldo.
O jogador, que viajou com uma comitiva de mais pessoas, esteve em Díli a acompanhar a parte final da visita de trabalho de dois dias de Laurentino Dias. O governante português foi ali assinar o já referido memorando de cooperação, que prevê o intercâmbio de desportistas e, sobretudo, o apoio de Portugal à elaboração do edifício legislativo das áreas do desporto e da juventude. PÚBLICO/Lusa

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