Vitória de Setúbal pára o Benfica e conquista a Taça

A formação sadina conquistou a sua terceira Taça de Portugal, acabando com a euforia dos "encarnados"
após a conquista do campeonato, e que assim falharam a ambicionada "dobradinha" na presente temporada

Se antes do jogo os adeptos do Benfica não se cansavam de gritar "Ninguém pára o Benfica", o cântico que celebrou a conquista do campeonato, no final da partida de ontem, no Estádio Nacional, o Vitória de Setúbal deu a resposta. Os setubalenses pararam o novo campeão e conquistaram a Taça de Portugal, 38 anos depois do último troféu ganho pelos sadinos, batendo a equipa "encarnada" por 2-1.Foi das piores finais dos últimos anos, mas teve um dos vencedores mais merecidos. O V. Setúbal fez por justificar o triunfo, em especial na primeira parte, período durante o qual praticou o melhor futebol. O Benfica jogou aquilo que tinha jogado na maior parte dos encontros da SuperLiga, muito pouco, sem ponta de espectacularidade ou sequer fluidez. Sempre refém de um lance individual de algum jogador ou de uma jogada de bola parada aproveitada pelos seus "especialistas". A agravar estas limitações genéticas do novo campeão nacional somaram-se os dias de festa pela madrugada fora durante a semana e o cansaço acumulado ao longo de uma época por parte dos jogadores. Ontem, as ocasiões de golo dos benfiquistas contam-se pelos dedos de uma mão e o golo, insuficiente para fazer com que a Taça fosse para a Luz, voltou a surgir de bola parada. Muito pouco para quem queria festejar uma "dobradinha", 18 anos depois.
Quem não tinha culpa das fragilidades benfiquistas era o V. Setúbal. Os sadinos, com a maior parte do plantel já com um pé fora do clube ou em final de contrato e um treinador que também é dado como estando de saída, não se amedrontou e fez o suficiente para justificar o troféu. Até os adeptos benfiquistas, suavizados pela conquista do campeonato, aplaudiram o novo vencedor da Taça de Portugal.
A época estava ganha para qualquer um dos clubes. O Benfica foi finalmente campeão e o V. Setúbal, vindo da II Liga e com o orçamento mais baixo da SuperLiga, tinha ficado no 10º lugar da tabela e assegurado a presença de ontem no Jamor e na SuperTaça da próxima temporada. O triunfo dos benfiquistas na SuperLiga garantia ainda a participação dos sadinos na Taça UEFA. Mas a equipa de Setúbal estava decidida a merecer por mérito próprio o seu lugar na Europa. E conseguiu-o ao conquistar a Taça de Portugal.
O Vitória entrou a jogar bem, de forma rápida, encostando o Benfica junto da sua área. Este início de partida surpreendeu o clube da Luz, que, com uma linha defensiva quase toda renovada, sentiu dificuldades para parar os setubalenses. As equipas apresentaram os "onzes" previsíveis, com os "encarnados" a terem Alcides no lugar de Luisão, que não recuperou da lesão contraída no último treino da época. O jovem brasileiro não comprometeu. Tendo como missão policiar Meyong, o homem mais avançado dos setubalenses, Alcides cumpriu, ainda que sem brilhantismo. Já Fyssas, que substituiu Dos Santos no flanco esquerdo da defesa "encarnada", teve muitas dificuldades em fazer parar as ofensivas sadinas, enquanto Moreira, na baliza, evidenciou alguma intranquilidade.
No V. Setúbal estiveram os melhores 11 jogadores à disposição do treinador José Rachão. E foram eles que praticaram o futebol mais atraente, mesmo depois do golo inaugural do Benfica, logo aos 4", num penalti inexistente apontado por Simão.
O V. Setúbal não acusou o golo e continuou a jogar melhor, trocando a bola com rapidez e velocidade. Jorginho, que insistiu demasiado nos lances individuais, lançou o pânico na defesa "encarnada". Mas a bola sobrou para Manuel José que rematou forte e contou com um desvio de Ricardo Rocha para empatar a partida quase à passagem da primeira meia-hora de jogo.
Do Benfica não se viam nem fogachos e só uma jogada finalizada pelo calcanhar de Nuno Gomes, já perto do intervalo, empolgou a maioria das bancadas, adormecidas pela má qualidade do espectáculo.
No segundo tempo tudo piorou. O setubalenses surgiram mais cautelosos, preferindo evitar sofrer um golo a marcar. E se V. Setúbal não se atrevia, o Benfica não sabia como atrever-se. Em toda a segunda parte, só num remate de longe de Manuel Fernandes o clube da Luz esteve próximo de marcar. E acabou por ser o V. Setúbal a merecer a felicidade, quando Meyong foi oportuno e recargou com sucesso uma defesa incompleta de Moreira a um remate de Ricardo Chaves. A Taça ia para Setúbal.

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